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Observatório receita criatividade e irreverência contra a crise

17 abr, 2012 • Ana Carrilho

Ex-líder da CGTP, Carvalho da Silva, lidera o novo Observatório das Crises e Alternativas.

Observatório receita criatividade e irreverência contra a crise

A crise tem de ser combatida com criatividade e irreverência, defendeu esta segunda-feira Manuel Carvalho da Silva, no lançamento do novo Observatório das Crises e Alternativas.

O organismo vai ser coordenado pelo ex-líder da CGTP e destina-se a estudar e apontar soluções para situações de crise.

“Precisamos de grandes rupturas, que começam nos becos sem saída, na quebra dos muros. Se a realidade é a pobreza e a opressão, há que romper o fatalismo e a inevitabilidade, buscando respostas emancipatórias, não na velha concepção do bom aluno, mas com criatividade e irreverência, introduzindo intensidade e dimensões à democracia”, defende Carvalho da Silva.

O objectivo é estudar a realidade portuguesa, mas esta não está desligada do que se passa no mundo. Raymond Torres, director do Instituto de Estudos laborais da OIT, deixou claro que a organização está preocupada com o facto do descontentamento social poder saltar para as ruas.

O desemprego de longa duração ainda é uma preocupação maior, atinge 40% a 45% do total de desempregados, mas, para estes, o desemprego é sempre muito longo, frisa Raymond Torres.

Para este responsável da OIT, a solução passa pelo crescimento da economia, crescimento que, em grande parte, é feito à custa das pequenas e médias empresas (PME). O problema é que o sistema financeiro continua a negar crédito às empresas, sobretudo às PME, adverte.

Por outro lado, Raymond Torres recusa a obsessão excessiva pelo controle do défice. A austeridade excessiva tem efeitos negativos no emprego e na economia, os exemplos que o provam existem e a Grécia é apenas o mais conhecido, sublinha.

A situação é critica, mas têm que haver alternativas, defende o director do Instituto de Estudos Laborais da OIT, para quem observatórios como o das Crises e Alternativas  são contributos válidos, pelo menos, para chamar a atenção para o défice social que cresce, tal como o fiscal.

O Observatório das Crises e Alternativas constitui-se em parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O primeiro relatório deverá surgir no final do ano.

Até lá deverá realizar diversas iniciativas. Entretanto, o Dicionário das Crises e Alternativas, que foi presentado esta segunda-feira, espera o contributo de todos para rever e aumentar a edição.