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Há novas bactérias multiresistentes e agressivas em Portugal

07 abr, 2012

Investigadora alerta para a necessidade urgente de um melhor controlo da infecção hospitalar e para a racionalização do uso dos antibióticos.

Há novas bactérias multiresistentes e agressivas em Portugal
Uma equipa de Investigadores de Coimbra descobriu que em Portugal estão a surgir bactérias que além de multiresistentes aos antibióticos são também agressivas. Um dado considerado preocupante tendo em conta a elevada taxa de infecções hospitalares.

"Recorrendo a estudos genéticos, temos verificado que estão a emergir estirpes simultaneamente resistentes e virulentas (violentas, agressivas), o que é preocupante", sustenta Gabriela Jorge da Silva, coordenadora da investigação, que está a ser desenvolvida, há uma década, na Universidade de Coimbra (UC).

Com a capacidade que as bactérias têm de transferir o seu material genético para outras famílias de bactérias, "a resistência à acção de antibióticos é cada vez maior", daí que "identificar estirpes bacterianas de origem animal ou hospitalar e os genes de resistência e de virulência, e a forma como estes se disseminam em vários ambientes, é de extrema importância para a compreensão do impacto na saúde pública da resistência aos antibióticos, afirma.

Gabriela Silva alerta, por isso, para a necessidade urgente de um melhor controlo da infecção hospitalar e para a racionalização do uso dos antibióticos: “Em Portugal, muitas vezes usa-se os antibióticos de uma forma arbitrária. A população vai à farmácia e compra-os e isso devia ser muito mais regulado, devia haver uma política mais restritiva do seu uso”.

Segundo um estudo realizado em 28 países europeus, divulgado em Setembro de 2011, a taxa de infecções em doentes internados em hospitais portugueses é de 11%, muito acima da média total, que se ficou pelos 2,6%.

A investigação em curso abrange bactérias de origem hospitalar, animal e ambiental, resistentes a vários grupos de antibióticos, nomeadamente derivados da penicilina, incidindo na avaliação molecular da resistência e virulência de "Acinetobacter sp.", "E.coli, Klebsiella sp." e "Salmonella sp.".

O objectivo dos estudos, "bastante complexos", é "abrir portas ao desenvolvimento de novas estratégias de combate a infecções hospitalares", e à descoberta de "novos antibióticos capazes de travar as novas resistências das bactérias".