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CP abandona Linha do Corgo

02 jan, 2012

População servida pela linha está revoltada com as mudanças e com a falta de informação sobre as mesmas.

CP abandona Linha do Corgo

A empresa privada Auto Viação do Tâmega assumiu hoje o transporte rodoviário alternativo na Linha do Corgo, depois de a CP ter decidido suprir esse serviço.

Em Alvações do Corgo, freguesia de Santa Marta de Penaguião, no distrito de Vila Real, que tinha como único transporte público o comboio, a população está revoltada. O presidente da junta de freguesia local, Manuel Liberato, contesta a decisão e também o facto de a população não ter sido informada das alterações.

“Nós não contamos nada para eles”, protesta. “Ninguém nos passou cartão, fomos tratados abaixo de cão”, desabafa Manuel Liberato.

Encerrada desde 2009 pelo anterior Governo, que alegou falta de segurança, o transporte já se fazia por via rodoviária, mas da responsabilidade da CP. Agora passa para as mãos de uma empresa privada.

Manuel Liberato garante que “não é a mesma coisa”, porque “uma coisa é o Estado, outra coisa é ser uma empresa privada, não obedece às mesmas regras”, refere. presidente da Junta de Freguesia de Alvações do Corgo receia que se a empresa não tiver “lucro não pode andar aqui a perder dinheiro”.

A entrega a privados do transporte de passageiros surge na sequência da decisão de desactivação das linhas ferroviárias do Corgo e Tâmega e do Ramal da Figueira da Foz.
“Considerando que deixa de existir a infra-estrutura para a prestação do serviço de transporte ferroviário, não deve ser o operador deste transporte a assegurar as alternativas de mobilidade das populações”, informou a CP em comunicado divulgado a 16 de Dezembro.

“O recurso a operadores rodoviários locais será a solução mais adequada para assegurar a mobilidade das populações, tanto no que se refere à necessária sustentabilidade económica, como do ponto de vista ambiental”, acrescentou.

Durante a homilia, o bispo do Porto, também Prémio Pessoa 2009, citou ainda a mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz de 2012, lembrando os progressos alcançados ao longo dos séculos, com a dignificação da mulher, dos pais, dos filhos e dos parentes idosos, bem como a "santificação da própria instituição familiar".

"Voltar atrás em qualquer um destes pontos seria uma tremenda tragédia civilizacional com graves riscos para a solidariedade e a paz que têm geralmente na família a sua primeira e indispensável pedagogia", concluiu.