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Defesa de Sócrates. Ministério Público "começou em prestações suaves a bater em retirada"

05 set, 2015 • Cristina Nascimento com agência Lusa

Defesa do antigo primeiro-ministro acredita que daqui a alguns meses o processo será arquivado. Advogados consideram insuficiente a redução da medida de coacção para prisão domiciliária e garantem que vão recorrer da decisão.

Defesa de Sócrates. Ministério Público "começou em prestações suaves a bater em retirada"
Defesa do antigo primeiro-ministro acredita que daqui a alguns meses o processo será arquivado. Advogados consideram insuficiente a redução da medida de coacção para prisão domiciliária e garantem que vão recorrer da decisão.
O advogado de José Sócrates, João Araújo, considera que o Ministério Público (MP) "começou, em prestações suaves, a bater em retirada". A defesa do antigo primeiro-ministro está a prestar declarações à comunicação social, depois de, na última noite Sócrates ter saído do Estabelecimento Prisional de Évora, onde estava em prisão preventiva. Sócrates está agora em prisão domiciliária, sem pulseira electrónica.

João Araújo considera que esta decisão sustenta o que a defesa garante desde a primeira hora: "este processo não tem sentido, não tem razões sérias, não há factos, não há provas." O advogado lembrou ainda que, "ao fim de nove meses, não há acusação".

"Ultrapassaram-se todos os prazos da decência (...) este é um país que está doente, esqueceu a liberdade", afirmou João Araújo, depois de ter considerado a decisão do juiz uma "derrota absoluta da investigação do MP".

Na mesma linha, Pedro Delille, outro elemento da defesa de José Sócrates, garante que "consolidou-se os indícios de que não há qualquer razão para a suspeita".

Delille diz mesmo estar convencido que daqui a alguns meses o processo vai ser arquivado.

Sócrates livre para falar

A defesa de José Sócrates esclareceu ainda que o seu cliente pode falar com a imprensa quando quiser e que não tem "quaisquer retrições" para responder aos jornalistas.

"Pode falar quando quiser. Não há restrições para falar livremente com a imprensa", afirmou o advogado João Araújo.
 
José Sócrates voltou a casa na sexta-feira, após nove meses e meio de prisão, no âmbito da chamada "Operação Marquês", embora continue detido, só que agora em prisão domiciliária.

A decisão de alterar as medidas de coacção do antigo primeiro-ministro, o único dos arguidos da "Operação Marquês" que ainda estava na cadeia, foi tomada pelo Tribunal da Comarca de Lisboa, na sequência de uma diligência nesse sentido do Ministério Público, e foi tornada pública ao fim da tarde de sexta-feira.

Esta alteração foi considerada "insuficiente" pelo advogado do antigo primeiro-ministro, que já anunciou ir recorrer da decisão.