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Portas atira a vários alvos. Críticas a Carlos Costa, Carlos Tavares e até a Rangel

03 set, 2015

“Sou amigo do doutor Paulo Rangel, mas não penso o que ele pensa e não diria o que ele disse”, disse o líder do CDS, em entrevista à TVI.

Portas atira a vários alvos. Críticas a Carlos Costa, Carlos Tavares e até a Rangel

O líder do CDS e vice-primeiro-ministro não gostou do comportamento do Banco de Portugal e da Comissão do Mercado e Valores Mobiliários (CMVM) no que diz respeito ao problema do papel comercial do Banco Espírito Santo.

Paulo Portas assumiu esta posição crítica numa entrevista à TVI, acusando Carlos Costa e Carlos Tavares de se terem enfeudado em "capelinhas".

“Não gostei do comportamento dos dois reguladores, em público, a passar culpas uns aos outros. Refiro-me ao banco central e à CMVM. São reguladores independentes, acho que deviam estar sentados à mesa, a analisar caso a caso e a separar trigo do joio”, disse.

“Uma coisa são investimentos de risco - que, evidentemente, a sociedade portuguesa não tem de cobrir -, outra coisa são eventuais casos de manipulação ou aproveitamento. A CMVM e o Banco de Portugal deviam ter tido mais respeito pela natureza das suas funções e ter tido menor espírito de capelinha, cada um a defender apenas o seu perímetro”, argumentou.

Na entrevista à TVI, o líder do CDS também foi crítico para o eurodeputado Paulo Rangel. Portas demarcou-se das afirmações de Rangel no fim-de-semana na Universidade de Verão da JSD onde disse que se o PS estivesse no governo José Sócrates e Ricardo Salgado não teriam sido investigados.

“Respeito inteiramente a liberdade de opinião de toda a gente, sou amigo do doutor Paulo Rangel, mas não penso o que ele pensa e não diria o que ele disse”, referiu.

O líder do CDS-PP, Paulo Portas, disse que a proposta de plafonamento da Segurança Social da coligação Portugal à Frente é "moderadíssima", considerando que o PS já está "arrependido" do modelo de reforma que apresentou para esta área.

"A proposta começou por ser oito pontos de queda abrupta da TSU [Taxa Social Única], depois passou para 4, agora retomaram o  4+ 4 e todos os dias inventam uma maneira de tentar compensar o buraco que criaram, a última invenção foi pôr as portagens a financiarem a Segurança Social", criticou Portas.

Defende posição europeia clara sobre refugiados
Paulo Portas defende que a Europa tem de tomar posições "com muita clareza" relativamente à questão dos refugiados, considerando que Angela Merkel foi quem mais se aproximou de honrar os valores humanistas.

"Até agora, quem mais se aproximou de honrar aquilo que é o humanismo cristão e o humanismo laico que fazem os valores da Europa foi a chanceler Merkel quando disse 'eu não repatriarei nenhum refugiado de guerra da Síria'", afirmou Paulo Portas, durante a entrevista à TVI.

Sublinhando que a "crise humanitária gravíssima" que está acontecer neste momento é "onde a Europa é mais necessária imediatamente", o líder do CDS-PP, que integra a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS), defendeu a necessidade de ser tomada uma posição europeia com "muita clareza e com muita nitidez", até porque "o ocidente não está isento de responsabilidades daquilo que aconteceu na Síria".

"A Europa, ou é o que são os seus valores, ou não é nada", sublinhou.

Fazendo questão de lembrar que há quatro meses pediu - "até de uma maneira um bocadinho exaltada" - que ouvissem o Papa sobre esta questão, o líder dos democratas-cristãos recordou ainda que "a tradição portuguesa é de acolhimento" e que o povo português sempre soube acolher, defendendo que "é preciso fazer mais".

"Quando o problema das migrações e dos refugiados estava em Espanha, em Itália Grécia, muita gente no norte da Europa tratava o problema como se fosse uma questão daqueles países", acrescentou, insistindo que se trata de "pessoas que estão a fugir à morte" e a "uma guerra que é um genocídio múltiplo".

"Isto não é um problema da fronteira sul, é um problema da fronteira externa da Europa", sustentou, escusando-se a comentar as declarações do primeiro-ministro inglês que falou da questão dos refugiados como "uma praga"