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Pela solidariedade e contra a falta de gente. Interior quer receber refugiados

03 set, 2015 • Redacção

A Renascença perguntou a vários autarcas do interior do país se tinham disponibilidade para receber estas pessoas nos seus concelhos.

Pela solidariedade e contra a falta de gente. Interior quer receber refugiados
Numa altura em que o mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial, várias autarquias do interior do país dão sinais de abertura para receber quem foge das perseguições e da pobreza extrema.

No início do Verão, quando se tornou claro o problema da distribuição de migrantes e refugiados pelos vários países europeus, a Renascença perguntou a vários autarcas do interior do país se tinham disponibilidade para receber estas pessoas nos seus concelhos, até como ajuda ao combate ao despovoamento.

Em Mourão, no Alentejo, o vice-presidente da câmara, Manuel Francisco Carrilho, eleito pelo PS, mostrou abertura para receber refugiados, mas o Estado tem que ajudar.

"No nosso concelho temos alguns imigrantes, que estão a trabalhar, já estiveram mais quando a construção civil estava no auge. Foram bem aceites, integraram-se, e estamos abertos a receber refugiados ou outro tipo de pessoas desde que para isso haja incentivos estatais e que nos ajudem também a esse processo", afirma Manuel Francisco Carrilho.

Contra a desertificação
Ainda no distrito de Évora, o presidente da Câmara de Mora alinha no mesmo sentido. "Todas as pessoas que chegarem cá e que contribuam para o desenvolvimento do país serão sempre bem-vindas, sejam eles refugiados do Norte de África ou de outro sítio qualquer", disse Luís Simão.

O autarca da CDU considera que Portugal e a Europa têm todo o interesse em receber e integrar os refugiados, para ajudar quem foge de conflitos e da fome e, ao mesmo tempo, combater a crise demográfica.

Mais a sul, Alcoutim é um dos concelhos que mais população perdeu nos últimos anos em Portugal. O autarca Osvaldo Gonçalves, eleito pelo PS, diz que o acolhimento de refugiados, se for bem planeado, pode ser uma "ajuda ao problema da desertificação".

Osvaldo Gonçalves sublinha que o número de pessoas a receber deve ser ajustado às capacidades de cada concelho, designadamente em matéria de empregos.

"Não podemos aceitar todas as pessoas"
No distrito de Portalegre, o autarca de Monforte, Gonçalo Lagem, eleito pela CDU, também defende a necessidade de planeamento, para que quem venha tenha dignidade e não sejam criados "mais becos e problemas étnicos".

"Precisamos de pessoas que habitem estas terras, mas não estamos a qualquer custo. Não podemos aceitar todas as pessoas, se não for de uma forma planeada, colocadas nos locais onde fazem realmente falta, para que além de virem resolver o problema da desertificação, se sintam bem, tenham condições e dignidade", sustenta o presidente da Câmara de Monforte.

No interior do distrito de Leiria, em Figueiró dos Vinhos, concelho que perdeu 16% da população na primeira década deste século, o autarca Jorge Abreu não afasta a possibilidade receber refugiados, mas pede que sejam calculadas as questões da empregabilidade.

No Norte do país, em Vila Real, o presidente da Câmara de Montalegre diz que há muitos locais onde os refugiados podem ser acolhidos no seu município.

"O município de Montalegre está receptivo a acolher refugiados e temos aí muitos espaços que são da administração central que estão abandonados onde podemos dar-lhes acolhida, obviamente articulando um esquema de implementação desse acolhimento com a administração central", afirma Orlando Alves.