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Patriarca pede “resposta mais humana e capaz” ao drama da migração

02 set, 2015 • Redacção

Numa carta enviada aos diocesanos, D. Manuel Clemente refere a vaga de refugiados que chega à Europa e deixa uma mensagem de responsabilidade para o período eleitoral que se avizinha.

Patriarca pede “resposta mais humana e capaz” ao drama da migração

O Cardeal Patriarca de Lisboa lançou esta quarta-feira um apelo ao espírito de solidariedade das pessoas no quadro das dificuldades que atravessam os milhares de refugiados que chegam todos os dias à Europa.

“A dramática situação de tantos milhares de pessoas que demandam a Europa como lugar de paz e sustento para si e para os seus, arrostando com duríssimas dificuldades para chegar e permanecer no nosso Continente, exigem de todos nós a resposta mais humana e capaz”, afirma, numa carta enviada aos diocesanos.

Nesta carta, o Patriarca pede uma atitude mais interventiva e disponível e lembra as propostas do Papa Francisco no sentido de uma colaboração intensa entre famílias, comunidades e organizações católicas por forma a conseguir-se rapidamente uma resposta global para este problema complexo.

“Tudo se garantirá com um espírito solidário, tão criativo como persistente, que nos há-de impulsionar, a nós e a todos”, exorta o Cardeal Patriarca.

Eleições: D. Manuel lembra o "cuidado da casa comum"
O Patriarca refere ainda o período eleitoral que se avizinha. “A par do programa eclesial que cumpriremos, vamos viver com os nossos concidadãos dois momentos eleitorais importantes (legislativo e presidencial) ”.

“’Dando a César o que é de César’, como Jesus Cristo nos manda, cumpriremos o nosso dever cívico com a inspiração evangélica e a doutrina social que dela decorre, na legítima pluralidade das opções”, defende D. Manuel Clemente.

Recordando a recente encíclica do Papa Francisco, sobre “o cuidado da casa comum”, que propõe uma ecologia integral a ter em conta, o Patriarca lembra que quer seja no aspecto económico, social, político, cultural, ambiental ou espiritual, o ambiente humano e o ambiente natural devem caminhar juntos para evitar a sua degradação mútua.

“O descuido de tal integralidade, por qualquer desvio tecnocrático, economicista ou meramente egoísta e gastador, é a causa maior de muitos dos problemas que nos afectam agora, do local ao universal.”

Como escreve o Papa: “O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com degradação humana e social”, cita ainda D. Manuel Clemente.

Na missiva, o Patriarca pede sobretudo que se rejeite “qualquer egoísmo de base ou de projecto”, apontando a grande a responsabilidade cristã nesta matéria. Escreve D. Manuel Clemente que Deus criou o mundo para todos, e por conseguinte, toda a abordagem ecológica deverá ter uma perspectiva social.