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Crise de refugiados

Merkel pede "flexibilidade" aos alemães e deixa recado aos "intolerantes"

31 ago, 2015

Alemanha, um dos principais destinos europeus de refugiados, prevê atingir este ano um recorde de 800 mil pedidos de asilo.

Merkel pede "flexibilidade" aos alemães e deixa recado aos "intolerantes"
A chanceler alemã diz que a crise de refugiados é um “desafio”, que se vai arrastar no tempo, e pede aos cidadãos paciência e tolerância.

A Alemanha, um dos principais destinos europeus de refugiados, prevê atingir este ano um recorde de 800 mil pedidos de asilo. Para fazer face a este fluxo, o governo planeia duplicar, este ano, as verbas destinadas a ajudar os cidades que acolhem estas pessoas.

“Enfrentamos um desafio sem precedentes, que se vai prolongar no tempo: Os alemães devem mostrar flexibilidade”, disse Angela Merkel esta segunda-feira, em conferência de imprensa.

A chanceler defende que se devem acelerar os processos de concessão de asilo, em especial para os refugiados vindos dos Balcãs.

Nestas declarações, em Berlim, apelou aos cidadãos para não se juntarem aos protestos anti-refugiados. “Não haverá tolerância para as pessoas que colocam em questão a dignidade de outras”, sublinhou a governante, assegurando que existem mais alemães a ajudar os refugiados do que aqueles que os contestam.

Na sua opinião, se a Europa não chegar a um consenso sobre a distribuição equilibrada dos refugiados, o acordo de Schengen pode ficar em risco.

O Governo austríaco decidiu activar controlos mais apertados nas suas fronteiras, negando, no entanto, que esteja a violar quaisquer regras da União Europeia.

Mais de 300 mil migrantes atravessaram o Mediterrâneo desde Janeiro e mais de 2.500 pessoas morreram no mar quando tentavam alcançar a Europa, segundo o último balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). "O número de refugiados e migrantes que atravessaram o Mediterrâneo este ano já ultrapassou os 300 mil, cerca de 200 mil chegaram à Grécia e 110 mil a Itália", contra cerca de 219 mil em 2014, disse uma porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, num encontro com a imprensa.

Regulamento de Dublin suspenso
A Alemanha decidiu acolher todos os sírios que cheguem ao seu território. A decisão foi anunciada pela chanceler na passada semana, depois de uma visita a um campo de refugiados na cidade de Heindenau.

Este país decidiu, assim, suspender o regulamento de Dublin que vigora em toda a União Europeia, segundo o qual cada pessoa que entre ilegalmente num país da União deve permanecer nesse país. Agora mesmo aqueles que entrem pela Itália, pela Grécia ou por qualquer outro país, mas que consigam chegar à Alemanha podem contar com refúgio seguro.

Isto significa que muitos dos migrantes que, nas últimas semanas, entraram na Europa pela Grécia e tentam atravessar o continente, através da Macedónia e da Sérvia para chegarem aos países do Norte, podem entrar na Alemanha se vierem da Síria.

A Europa enfrenta um afluxo de pessoas sem precedentes, já qualificado por Bruxelas como a pior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial.