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Dia de oração pelos cristãos perseguidos em aniversários de êxodo iraquiano

04 ago, 2015 • Filipe d’Avillez

Foi a 6 de Agosto que centenas de milhares de cristãos tiveram de abandonar as suas casas e todos os seus pertences, procurando refúgio no Curdistão iraquiano.  

Dia de oração pelos cristãos perseguidos em aniversários de êxodo iraquiano
A fundação Ajuda à Igreja que Sofre convocou para o dia 6 de Agosto uma jornada de oração pelos cristãos perseguidos.

A data escolhida deve-se ao facto de nesse dia se assinalar a fuga em massa de centenas de milhares de cristãos da Planície de Nínive, no Iraque, perante o avanço dos terroristas do autodenominado Estado Islâmico.

Na próxima quinta-feira – numa iniciativa internacional que reúne todos os secretariados da Ajuda à Igreja que Sofre –, a fundação AIS convida os portugueses a participarem numa jornada especial de oração por estes cristãos.

Em Lisboa, pelas 18h30, rezar-se-á o Terço, a que se seguirá a Santa Missa, pelas intenções dos cristãos perseguidos no Médio Oriente, em especial no Iraque. Esta jornada de oração ocorrerá no Mosteiro dos Jerónimos, mas todos são convidados a participar neste momento de oração, individualmente ou em comunidade, nas suas paróquias ou em família.

À espera de voltar para casa
Em Junho de 2014 a cidade de Mossul, a segunda maior do Iraque que albergava uma das maiores concentrações de cristãos no país, foi ocupada pelo Estado Islâmico. Muitos fugiram logo, mas outros ficaram, sem saber bem o que se iria passar. Não havia, naquela altura, um registo de particular perseguição aos cristãos por parte desse grupo jihadista.

Mas no início de Agosto a situação tornou-se insustentável e de um dia para o outro surgiu o ultimato da parte dos terroristas. Os cristãos deviam abandonar a cidade, todas as suas propriedades eram agora pertença do Estado Islâmico. Quem quisesse ficar deveria pagar um imposto – de um valor insustentável – ou seria executado.

O resultado foi uma longa caravana de refugiados. Quem tinha carro fugiu de carro, quem não tinha, fugiu a pé. Partiram inicialmente para as aldeias cristãs na Planície do Nínive, terra ancestral dos assírios, o grupo étnico, distinto dos árabes e dos curdos, a que a esmagadora maioria dos cristãos na região pertence. Para trás ficaram casas marcadas a tinta encarnada com a letra “N” em árabe, para mostrar que os seus anteriores ocupantes eram “nazarenos” – o nome dado aos cristãos pelos fundamentalistas.

Mas a guarida nas aldeias também durou pouco tempo. O Estado Islâmico foi avançando e limpando tudo à frente, obrigando os cristãos a refugiar-se em Erbil, no Curdistão Iraquiano, onde passaram a ser protegidos pelos Peshmerga, os soldados curdos. Passaram a partilhar campos de refugiados com xiitas e membros de outras minorias, como os Yezidis, ainda mais duramente perseguidos. Muitos procuraram então fugir para a Europa, outros continuam, na esperança de que as suas casas sejam devolvidas e possam regressar a Mossul ou às suas aldeias em breve.