20 jul, 2015 • João Carlos Malta
O PS está a abordar com muitas reservas a proposta feita pelo Presidente francês, o socialista François Hollande, de criação de um "grupo da frente" na Zona Euro, liderado por seis países, e a criação de um Governo da moeda única, com um orçamento comum e um Parlamento específico.
As propostas foram feitas por Hollande num artigo publicado este domingo no "Journal du Dimanche" e detalhadas depois pelo primeiro-ministro, Manuel Valls.
Pedro Nuno Santos, um dos elementos que está mais perto da liderança de António Costa e que vai encabeçar as listas do partido nas eleições legislativas pelo distrito de Aveiro, mostra grandes reservas em comentar o que apelidou de apenas "um artigo de opinião" e do qual "não se conhecem as propostas concretas".
Ainda assim, e questionado pela Renascença se o PS se revê na construção de uma Zona Euro que tenha a liderança de seis países, Pedro Nuno Santos disse: "A exclusão de países não é um bom princípio."
Pedro Nuno Santos afirmou ainda que é evidente desde há muito tempo "que é preciso uma revisão profunda sobre a forma como a Zona Euro funciona e está construída".
"O euro não está preparado para responder de forma diferenciada às crises. É um debate importante e bem-vindo, mas precisamos de conhecer as propostas [do Presidente Hollande]", especificou.
A Renascença tentou recolher a opinião de mais dois altos dirigentes socialistas, do núcleo duro de Costa, sobre esta questão, mas ambos declinaram tecer comentários.
Hollande vai voltar à carga
O Presidente francês escreveu no "Journal du Dimanche" que a França vai estar na "vanguarda" de uma maior integração europeia com as ideias que lançou sobre um governo da Zona Euro. Para Hollande, a Zona Euro deve ter um orçamento específico e um parlamento.
Hollande sublinhou que para pôr em marcha essas reformas faz falta "uma organização reforçada, com os países que assim o decidam, uma vanguarda".
Estas propostas já foram também abordadas pelo primeiro-ministro francês Manuel Valls, que revelou que essa "vanguarda" seria composta pelos "países fundadores da União Europeia: França, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda".
Valls garantiu que os objectivos definidos por Hollande não são apenas palavras lançadas para o ar.
"Nas próximas semanas, a França, através do Presidente da República, terá a ocasião de lançar iniciativas, fazer propostas concretas que alimentem esta pista, os elementos dados pelo Presidente", acrescentou Manuel Valls.