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Costa critica socialistas europeus que lamentaram "Não" na Grécia

06 jul, 2015 • Susana Madureira Martins com Lusa

Martin Schulz e outros socialistas não gostaram do resultado do referendo. Líder do PS reage: "Não me revejo nessas declarações, nem elas expressam a posição dos socialistas europeus."

Costa critica socialistas europeus que lamentaram "Não" na Grécia

António Costa deu esta segunda-feira uma valente "bicada" a socialistas europeus como o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e o vice-chanceler alemão e líder do SPD Sigmar Gabriel, pelas declarações sobre o referendo grego.

"Não me revejo nessas declarações, nem elas expressam a posição dos socialistas europeus", afirmou em conferência de imprensa.

"O comunicado do Partido Socialista Europeu é inequívoco no apelo à reabertura das negociações, à manutenção da Grécia no euro e à superação desta crise", contrapôs o líder socialista.

O secretário-geral do PS considera inaceitável se a decisão grega em referendo conduzir à exclusão do país do euro, exigindo que o Governo português abandone a "mesquinhez" e deixe de ser um obstáculo às negociações sobre a Grécia.

Agora que a Grécia se expressou em liberdade é o momento de respeitar o resultado e agir em defesa do projecto europeu, diz Costa.

"A decisão soberana do povo grego de rejeitar a proposta de acordo que foi submetida a referendo tem de ser respeitada, como o foram, aliás, em outras ocasiões, deliberações referendárias de outros Estados-membros. É absolutamente inaceitável que a recusa desta proposta seja entendida como recusa de participar na Zona Euro ou possa servir de pretexto para tentar, ao arrepio dos tratados, excluir a Grécia do euro", advertiu António Costa.

"Última oportunidade" para o Governo
Estas posições foram assumidas pelo líder do PS em conferência de imprensa, depois de os gregos terem rejeitado no domingo, em referendo, por ampla maioria, a proposta das instituições europeias e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para um novo plano de ajustamento financeiro.

"A afirmação clara da integridade irreversível do euro e a recusa inequívoca de qualquer 'grexit' [saída da Grécia da moeda única] é urgente para garantir a estabilidade das condições de financiamento no conjunto da zona euro. O interesse nacional é o do reforço da União Europeia e a urgente superação desta crise", defendeu, antes de reiterar um conjunto de críticas ao executivo PSD/CDS.

"Esta é também uma última oportunidade para o Governo português adoptar uma posição construtiva, que sirva o interesse nacional e a urgência para as famílias e empresas portuguesas de virarmos a página da austeridade, relançar a economia e o emprego, e de garantir um novo impulso para a convergência de Portugal com a UE e a confiança no euro. Como temos insistido, é um erro procurar isolar a situação da Grécia do conjunto da zona euro, reconduzindo a negociações bilaterais o que exige uma avaliação conjunta das causas e soluções desta crise", advertiu.

Para António Costa, esta linha de negociação "conduziu a uma lógica de confronto entre a Grécia e as instituições que deviam garantir a unidade do projecto europeu, substituindo o diálogo solidário pelo conflito entre credores e devedor, que, numa lamentável escalada, tem promovido a divisão, o radicalismo e o sentimento de humilhação do povo grego".