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Gregos indecisos em dia de referendo. Muitos não percebem sequer a pergunta no boletim

05 jul, 2015 • Catarina Fernandes Martins, em Atenas

Ambiente de alguma indecisão entre os cidadãos de Atenas, que não conseguem prever as consequências do “sim” ou do “não”.

Gregos indecisos em dia de referendo. Muitos não percebem sequer a pergunta no boletim
Os gregos estão a votar no referendo e a escolher “sim” ou “não” a um acordo com os credores internacionais. Há quem já tenha decidido, quem decida votar em protesto e quem ainda não saiba onde colocar a cruz no boletim.

Em Atenas, ao pé de uma escola onde há bastantes gregos a votar, as pessoas não querem falar junto à mesa de voto. Há alguma desconfiança - nos cafés, nas esplanadas, um grupo pede a identificação de jornalista para garantir que não se está a fazer uma espécie de sondagem das intenções de voto para o Syriza.

Algumas pessoas já decidiram que não vão votar. Um rapaz vota em protesto. O voto vai ser nulo, mas ele quer contar para as estatísticas neste dia, para não se abster. Há muita gente consciente que não quer ficar na abstenção e que quer votar, nem que seja em protesto.

Há discussões entre grupos de amigos e há ainda muita gente a pensar se vai ou não votar. Muitos não percebem a pergunta. Muitas pessoas não sabem o que o “não” ou o que o “sim” significam, quais as consequências deste referendo.

O boletim de voto em si tem várias particularidades: é questionado se se aceita o acordo dos credores, uma proposta que entretanto já expirou.

Há no boletim termos técnicos em inglês, por exemplo ‘análise de sustentabilidade da dívida’ aparece em inglês e depois traduzido em grego. E o “não” aparece no topo do boletim de voto, o “sim” aparece por baixo, não é costume. Estas particularidades estão a causar alguma polémica, inclusivamente entre a população, que acha que a pergunta é demasiado confusa e que o facto de o “não” aparecer em primeiro lugar pode influenciar os eleitores.

Cerca de 10 milhões de gregos são chamados a pronunciarem-se em referendo com “sim” se aceitarem a proposta formulada no dia 25 pelas instituições - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - ou “não” se a recusarem.