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Governo grego marca referendo para 5 de Julho

26 jun, 2015

Proposta de plano de resgate vai a votos. Tsipras afirma que a Grécia foi alvo de um "ultimato que é contra os valores europeus".

Governo grego marca referendo para 5 de Julho
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou esta sexta-feira à noite a convocação de um referendo a uma proposta de resgate apresentada pelo credores internacionais.

A consulta popular está marcada para dentro de uma semana. Os gregos vão às urnas a 5 de Julho, um domingo.

"Convoco o povo grego a decidir de maneira soberana e com orgulho como determina a história", afirmou Alexis Tsipras, numa declaração ao país, para perguntar sobre a aceitação ou rejeição da proposta das instituições.

"A Grécia – berço da democracia – deve enviar uma mensagem clara de democracia à Europa e à comunidade internacional. Comprometo-me pessoalmente a respeitar o resultado da escolha democrática, qualquer que seja. Estou absolutamente confiante de que escolha do povo grego vai honrar a história do nosso país e enviar mensagem de dignidade a todo o mundo. Nestes tempos críticos todos nós temos que lembrar que a Europa é a casa comum dos povos. Que na Europa não há donos e convidados", refere.

O chefe do Governo de Atenas acusa os parceiros do Eurogrupo de fazerem um "ultimato à Grécia que é contra os valores europeus". O objectivo de alguns dos parceiros da Grécia, sublinha, é “humilhar todo um povo”.

"Após cinco meses de duras negociações com os nossos parceiros, infelizmente, anteontem o Eurogrupo e as instituições europeias fizeram um ultimato à democracia grega e ao povo grego. Um ultimato é contrário aos princípios fundamentais e valores da Europa. Aos valores do nosso projecto comum europeu".

"Somos obrigados a responder a um ultimato baseando-nos na vontade soberana do povo", declarou Tsipras, para justificar o referendo de 5 de Julho.

O primeiro-ministro pede aos gregos que se façam ouvir e deixou uma garantia: "A Europa é a nossa casa comum. A Grécia vai continuar a fazer parte da Europa".

Tsipras garante que já informou da sua decisão, "por telefone, o Presidente da França e a chanceler da Alemanha, bem como o Presidente do Banco Central Europeu". "E este sábado segue a minha carta a solicitar formalmente aos líderes e instituições da União Europeia uma extensão do actual programa, por alguns dias, para que o povo grego possa decidir, livre de pressões e chantagens, como exigido pela Constituição do nosso país e pela tradição democrática da Europa".

O primeiro-ministro falava no final de uma reunião de emergência do Governo grego, num dia em que se encontrou em Bruxelas com as instituições europeias e o FMI. Os credores ofereceram um acordo que Tsipras rejeitou.

O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, já deixou a sua opinião na rede social Twitter: "Deixem o povo decidir (engraçado como parece radical este conceito!)".


"Bancos abrem na segunda-feira"
Os bancos gregos vão abrir na segunda-feira e o Governo não tem planos para impor o controlo de capitais.

A garantia foi deixada esta sexta-feira pelo ministro adjunto da Reforma Administrativa, George Katrougkalos, no final da reunião de emergência do Governo.

Já Nikos Pappas, ministro de Estado e um dos braços direitos de Tsipras, acredita que os eleitores gregos vão rejeitar a proposta dos credores internacionais no referendo da próxima semana.

Uma fonte oficial disse esta sexta-feira que o Governo de Atenas não tinha um mandato da população para aceitar um prolongamento de cinco meses do programa de resgate.

A notícia do referendo é conhecida numa altura em que a Grécia corre contra o tempo tenta chegar a um acordo de financiamento em troca de reformas com os credores internacionais.

A Grécia tem até ao final do mês para pagar 1,5 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Se falhar, entra em incumprimento.

[actualizado às 01h40]