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Ex-ministro das Finanças contra corte de pensões “bárbaro”

02 jun, 2015

“Por que há-de o Estado cortar aqui e não noutras funções ou serviços públicos? Por exemplo, realizar a grande reforma do Estado, que não está feita”, pergunta Miguel Cadilhe.

Ex-ministro das Finanças contra corte de pensões “bárbaro”
O economista Miguel Cadilhe disse que o corte de pensões é uma “injustiça flagrante e bárbara”, defendendo que há outras áreas onde o Governo pode cortar. A opinião foi deixada numa conferência promovida pelo “Jornal de Notícias”, no Porto.
 
Para o antigo ministro das Finanças é um erro mexer nas reformas. “Por que razão há-de o Estado quebrar as suas obrigações contratuais neste domínio dos pensionistas contributivos, que são fracos, e não há-de fazer o mesmo noutros domínios contratuais, como por exemplo a dívida pública?”, pergunta o economista, referindo logo de seguida que “desse lado estão os fortes.” 

O Governo deve proceder à reforma do Estado, diz Miguel Cadilhe. “Cortar pensões contributivas? Por que razão há-de o Estado cortar aqui e não noutras funções ou serviços públicos? Por exemplo, realizar a grande reforma do Estado, que não está feita. Entretanto, vai o Estado para cima dos pensionistas.”

Cadilhe rejeita ainda a desculpa de se tratar de opções políticas e afirmaque se for esse o caso trata-se de uma injustiça. "Por que razão há-de o Estado accionar umas opções e não outras? Todas, aliás! Porque se não acciona todas está a cometer uma injustiça flagrante e bárbara".

A possibilidade de se cortar centenas de milhões de euros nas pensões foi inicialmente avançada pela ministra das Finanças, como hipótese a explorar, à volta do qual Maria Luís Albuquerque pedia consenso. Na sequência das reacções que se fizeram ouvir, a ministra veio dizer que não existe qualquer proposta concreta nesse sentido.

“O Governo, na minha pessoa ou na de qualquer outro dos membros do Governo, não disse que tem de haver cortes nas pensões. Nós temos um problema de sustentabilidade da Segurança Social que está, aliás, já reconhecida pelo próprio PS”, disse na altura.