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OCDE critica cuidados de saúde primários em Portugal

27 mai, 2015 • Anabela Góis

É preciso reduzir as disparidades e garantir que todos têm acesso a cuidados com a mesma qualidade, defende organização internacional.

OCDE critica cuidados de saúde primários em Portugal

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) faz uma análise global positiva ao Sistema Nacional de Saúde (SNS) português, mas identifica disparidades nos cuidados primários de saúde.

O SNS proporciona cuidados de alta qualidade a baixo custo, de acordo com um relatório da OCDE divulgado esta quarta-feira.

Apesar dos “apertos” financeiros dos últimos anos, o sistema continua empenhado em manter-se universal e a aumentar a sua qualidade, destaca a organização.

O futuro, diz a OCDE, passa, sobretudo, por ampliar, aprofundar e normalizar as reformas já iniciadas.

Desde logo garantir que são respeitadas as melhores práticas internacionais no âmbito dos cuidados prestados após as cirurgias, por exemplo, para reduzir o risco de morte depois de um enfarte.

Ao nível dos cuidados primários de saúde é preciso reduzir as disparidades dentro do sistema e garantir que todos os portugueses têm acesso a cuidados com a mesma qualidade.

"É problemático, especialmente numa perspetiva de equidade, ter perto de metade da população com acesso a unidades de cuidados primários com resultados mensuráveis mais pobres", indica o relatório.

Uma solução apontada passaria, por exemplo, por transformar todos os centros de saúde em Unidades de Saúde Familiares (USF).

Neste campo, a OCDE considera que há falta de enfermeiros em comparação com o número de médicos.

A nível hospitalar há que estimular a adesão a normas internacionais de cuidados, nomeadamente, através de incentivos financeiros e sanções.

Portugal tem também de tomar medidas mais eficazes para reduzir o número de utentes que vão às urgências quando podem ser tratados nos cuidados primários.

E tem também deve apostar em dar mais formação e competências aos enfermeiros, para reduzir a taxa de cesarianas (a 5ª mais alta da OCDE) e as infecções hospitalares (quase o dobro da média europeia).

Em simultâneo, a OCDE recomenda que se aumente para mais de 5% a fatia do orçamento do hospital que depende da qualidade dos cuidados prestados.

Ainda na área da gestão financeira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico defende que o caminho passa pela especialização e concentração de serviços e por evitar que a boa gestão das farmácias hospitalares seja posta em causa por uma prescrição desadequada.