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Sampaio da Nóvoa não será “espectador impávido perante a degradação da nossa vida pública”

29 abr, 2015 • Carlos Calaveiras

Na apresentação da candidatura presidencial, o ex-reitor lamentou que, após os anos de crise, se anuncie "mais crise". "Não podemos deixar que a crise se normalize, se eternize", atirou.

Sampaio da Nóvoa não será “espectador impávido perante a degradação da nossa vida pública”
António Sampaio da Nóvoa confirmou esta quarta-feira no Teatro da Trindade, em Lisboa, que é candidato presidencial em 2016. Sampaio da Nóvoa criticou a política de austeridade, que tem sido seguida pelo actual Governo, afirmando que faz falta "outra visão", diferente da actual.

António Sampaio da Nóvoa confirmou esta quarta-feira no Teatro da Trindade, em Lisboa, que é candidato presidencial em 2016.

O antigo reitor da Universidade de Lisboa, começou por dizer que “este é o primeiro dia, inteiro e limpo”, citando Sophia de Mello Breyner. Este foi, aliás, um discurso cheio de citações, incluindo Zeca Afonso e Sérgio Godinho.

Sampaio da Nóvoa criticou a política de austeridade, que tem sido seguida pelo actual Governo. “Vivemos anos duros, duríssimos, de uma austeridade que tornou o país mais frágil, que trouxe a pobreza e a miséria de volta a muitas famílias portuguesas”. “Que política é esta, sem uma única ideia de futuro para Portugal, que país é este que parece sem vontade, sem pensamento e sem rumo".

O novo candidato presidencial lamentou depois que, após os anos de crise, se anuncie "mais crise, uma crise crónica que priva os cidadãos do futuro, que os faz desconfiar das instituições e da capacidade do Estado democrático para defender o bem público e o interesse colectivo".

"Não podemos perder o país que conseguimos levantar nas últimas décadas, não podemos deixar que a crise se normalize, se eternize, e que deite por terra 41 anos de democracia, destruindo um a um os ideais de Abril", acrescentou.

Sampaio da Nóvoa refere, por isso, que faz falta outra visão, diferente da actual. “Tudo na mesma é que não”.

“É em nome desse outro projecto, desse outro destino que venho aqui, hoje, declarar-vos solenemente, e declarar a todo o país que sou candidato a Presidente da República portuguesa", declarou.  “Não venho para deixar tudo na mesma, venho para juntar portugueses, com confiança na nossa democracia, com esperança, com determinação”.

O professor universitário, de 61 anos, promete, se chegar ao cargo de Presidente da República, unir todos os portugueses e estar no cargo com uma “absoluta determinação e liberdade, total independência, com isenção”.

No momento mais aplaudido da tarde acrescentou que, em Belém, não será “espectador impávido perante a degradação da nossa vida pública”, naquela que parece uma crítica clara à actuação de Cavaco Silva.

“Não permitirei, nunca, que o interesse do país seja dominado por grupos de pressão, por corporações ou por interesses ilegítimos. Sejam eles quais forem”, acrescentou. “Não me resignarei perante a destruição do Estado Social”.

Diz o candidato presidencial, que elogiou Mário Soares e Jorge Sampaio – presentes na apresentação – que “precisamos de reinventar uma visão estratégia para Portugal, que não se feche na Europa, e que se abra ao mundo e, em particular, ao mundo da língua portuguesa”.

E, também por isso, quer “promover uma estratégia nacional de valorização do conhecimento e dos jovens, para conseguir que levem à economia e à sociedade”, naquela que será uma das suas prioridades.

“Não tenho filiação partidária e nunca exerci cargos políticos. Este facto não me aumenta, nem me diminui, mas marca uma diferença. A questão central é perceber se os portugueses querem essa diferença”, refere Sampaio da Nóvoa, que lembra que tem a experiência de liderar a maior universidade do país. “Os portugueses sabem quem eu sou e de onde venho”, acrescentou.

Já perto do fim do seu discurso, Sampaio da Nóvoa deixou claro que, aconteça o que acontecer, renúncia “a qualquer outro projecto político ou económico, para além do trabalho docente”.

“Juntos vamos conseguir mudar Portugal. Temos que ser maiores do que os nossos problemas. Porque só os vencidos tombam no chão do medo. Vamos a isto que já se faz tarde, Viva a República, viva a Liberdade, Viva Portugal”. Depois desta frase, a "festa" terminou com o hino nacional.

[Actualizado às 20h54]

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