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TAP vive “desespero completo de tesouraria”

01 abr, 2015

Presidente da comissão especial de acompanhamento da privatização defende que informação sobre o processo deve manter-se confidencial.

O presidente da comissão especial de acompanhamento da privatização da TAP afirmou, esta quarta-feira, que a companhia aérea vive "um desespero completo de tesouraria", considerando que "é absolutamente agonizante viver minuto a minuto".

Na comissão de Economia e Obras Públicas, na qual a comissão está a ser ouvida por requerimento do PS, João Cantiga Esteves defendeu que "é urgentíssima a capitalização da TAP", realçando que "o que está em causa é a sobrevivência da empresa".

"Vive-se um desespero completo de tesouraria, é andar o dia-a-dia em desespero", disse, ilustrando com números: "Factura dois mil milhões de euros e tem um `free cash flow` [fluxo de caixa livre] de dois milhões de euros".

Neste contexto, prosseguiu, "é muito significativo chamar a capitalização da empresa em primeiro lugar" aos critérios para a escolha do futuro dono da TAP.

A capitalização é o primeiro de nove critérios de escolha, seguido pelo valor da oferta e projecto estratégico, segundo o caderno de encargos, que não fixa prazos para a manutenção do “hub” [centro de operações] em Portugal.

O reforço da capacidade económico-financeira da TAP avalia tanto o plano de capitalização como as condições para a sua concretização, de acordo com o caderno de encargos da privatização da TAP, publicado no Portal do Governo.

Cantiga Esteves realçou ainda a aprendizagem decorrente do processo de privatização falhado em 2012, considerando que "as alterações introduzidas podem permitir um sucesso do processo ao contrário do que aconteceu no processo anterior".

"Quer isto dizer que as propostas vão ter que ser muito concretas sobre o reforço de capital e as ofertas passam a ser vinculativas, o que não aconteceu em 2012", afirmou.

Informações sobre privatização devem ser confidenciais
O presidente da comissão defendeu também que a divulgação de informação sobre a companhia pode ser prejudicial, dando razão ao Governo que tem recusado fornecer elementos pedidos pelo PS.

A divulgação de informação sobre a privatização da TAP pode prejudicar a companhia e o processo em curso", afirmou João Cantiga Esteves, em resposta às questões do deputado socialista Rui Paulo Figueiredo.

Ainda assim, Cantiga Esteves garantiu que a comissão de acompanhamento da privatização da TAP "tem tido acesso a toda a informação disponível, mas este processo é muito sensível, atendendo à forte competitividade do sector da aviação".

"A informação detalhada sobre a empresa é material muito sensível, por isso, estamos totalmente de acordo com que muita informação se mantenha confidencial", concluiu.

O grupo parlamentar do PS requereu em Fevereiro acesso às avaliações financeiras, prévias e independentes, realizadas ao grupo TAP e a todos os estudos que suportam a decisão do Governo de privatizar a companhia aérea nacional, mas o Governo recusou fornecer essa informação, considerando ser "inoportuno" proceder neste momento à divulgação da documentação devido à sua "natureza confidencial".

"Atendendo à fase em que se encontra o actual processo de reprivatização da TAP, a natureza confidencial da documentação solicitada e as consequências evidentes de uma eventual divulgação deste tipo de informação no contexto do processo de privatização, parece-nos inoportuno proceder neste momento a essa divulgação", lê-se na reposta do Ministério das Finanças aos pedidos de informação do PS.

Na sequência dessa recusa, o PS requereu a presença na comissão de Economia e Obras Públicas da comissão especial de acompanhamento, liderada pelo economista João Cantiga Esteves e integra ainda José Morais Cabral e Duarte Pitta Ferraz.