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"É como se estivessem na barriga da mãe". São João inaugura centro para bebés prematuros

01 abr, 2015 • Teresa Almeida

É o primeiro centro português de formação de cuidados para bebés prematuros. Abre esta quarta-feira no Hospital de São João, no Porto. O objectivo é conhecer o mais possível as necessidades de um bebé que ainda deveria estar em gestação.

"É como se estivessem na barriga da mãe". São João inaugura centro para bebés prematuros
O Hospital de São João, no Porto, inaugura,  esta quarta-feira, o primeiro centro português de formação de cuidados para bebés prematuros. A ideia é criar no espaço um ambiente o mais perecido possível com a barriga da mãe, de modo a que os bebés que nascem antes do tempo recebam os cuidados especiais de que necessitam.

Com este centro, esperado há mais de dois anos, “pretende-se ensinar a compreender as necessidades deste pequeno ser”, diz  à Renascença a directora de neonatologia de S. João, Hercília Guimarães, explicando que “os formadores que aprendem esta forma de cuidados começam a ler a linguagem gestual do bebé, para perceber, por exemplo, quando é que ele pode ou não pode ser forçado a mamar, perceber quanto é que ele está disponível para algum tipo de intervenção ou se quer dormir”.

Na nova unidade, diz Hercília Guimarães, os bebés estarão "como se estivessem na barriga da mãe". Estar alerta para os estímulos dos prematuros é o ponto central do centro que olha para cada bebé como um caso único. “Cada bebé terá o seu espaço, à sua maneira, com a luz que deve ser mantida tendo em conta as necessidades daquele bebé e não para todos de forma igual. O mesmo vale para os ruídos”, explica a responsável,  sublinhando que o acompanhamento será feito por uma equipa especializada, “para que tudo consiga evoluir sem sobressaltos”.

Estudar, observar e interpretar as reacções dos bebés prematuros e em risco, é o que vão fazer duas médicas - uma neonatalogista e outra pedopsiquiatra - uma psicóloga e três enfermeiras. Trata-se de profissionais formados por equipas norte-americanas que estão disponíveis para também elas ensinarem outros profissionais. “Há já interesse de outros hospitais do país neste método e estamos, claro, disponíveis para os ensinar. Aliás, é esse o objectivo”, diz Hercília Guimarães.

A responsável do novo centro lembra que há cada vez mais bebés prematuros e, por isso, esta unidade nasce num hospital que precisa de mais médicos para poder dar as respostas necessárias, porque no serviço de neonatologia do S. João há falta de profissionais. “Não tenho os médicos de que preciso, mas como eu devem estar assim outras unidades do país”, remata.

Com a criação deste primeiro centro de formação de cuidados de desenvolvimento de bebés prematuros, Portugal junta-se a Itália, França, Espanha, Reino Unido, Suécia, Noruega, Holanda, Israel, Argentina e Estados Unidos na vanguarda do conhecimento em neonatologia.