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Governo quer produtores de leite a apostar na inovação

31 mar, 2015

Neste último dia de quotas leiteiras, os produtores portugueses temem pelo futuro face à concorrência de países mais competitivos. Pedem, por isso, mecanismos que defendam o sector.

Procurar mercados e produtos mais inovadores é a solução para o sector do leite em Portugal, afirma na Renascença o secretário de Estado da Agricultura. José Diogo Albuquerque garante que o Governo está vigilante e que tem vindo a tomar medidas para minorar os efeitos negativos da liberalização do mercado, a partir de quarta-feira.

“É fundamental que, na produção de leite portuguesa, procuremos mercados mais remuneradores, como por exemplo, da produção de iogurtes, mercados mais inovadores, para conseguirmos dar resposta àquilo que é o desafio do mercado mundial, que está a aumentar, bem como o consumo de leite”, defende.

Esta terça-feira é o último dia de quotas leiteiras, criadas com o objectivo de preparar os pequenos produtores para a liberalização do mercado.

“É soltar a rédea”, diz o secretário de Estado, mas “não podemos agora, ao nível nacional, substituir a quota”, ressalva. “Vamos é estar vigilantes”, acrescenta.

José Diogo Albuquerque aponta três níveis de actuação. “O primeiro, ao nível da União Europeia, é lutar para que, além da medida do observatório de preços, haja medidas para prevenir crises”. O segundo é ao nível nacional, no âmbito da reforma da Política Agrícola Comum: “Criámos um pagamento para o sector, específico para a produção de leite, e evitámos que nas redistribuições de apoios o leite fosse prejudicado e isso foi bastante conseguido”.

Resta um terceiro nível que é o da inovação. É assim que, na opinião do secretário de Estado, se deve reagir à liberalização do mercado.

“A resposta não está só em mecanismos de apoio”, afirma, em resposta ao pedido do presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal. Carlos Neves mostra-se receoso face ao futuro dos 5.500 produtores que restam em Portugal (continente e Açores).

“O número de produtores nunca aumenta. Quando o preço é melhor, estabiliza; quando baixa, desistem”, argumenta. E diz não compreender que Portugal e Espanha sejam inundados de “leite que vem alegadamente de países onde os produtores recebem mais” e não têm excedentes, porque os mandam para a Península Ibérica.

A estas críticas, o secretário de Estado da Agricultura responde, dizendo que “temos de encontrar mais competitividade e um acesso ao consumo mundial de leite, que está a aumentar. Isso passa por produtos mais inovadores e mais remunerados”.

As quotas de leite foram criadas por Bruxelas há 30 anos.