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Trás-os-Montes teme futuro da produção leiteira

31 mar, 2015 • Olímpia Mairos

Com o fim das quotas leiteiras, os produtores transmontanos temem ter que encerrar as explorações e abandonar a actividade.

Os produtores de leite transmontanos mostram-se apreensivos com o fim das quotas leiteiras. Não sabem como vai ser o futuro, como vai ser o mercado. Manifestam medo, incertezas, e receiam não serem capazes de responder à concorrência feroz que virá de países com uma maior capacidade de produção.

Fernando Moura tem uma exploração com 40 vacas, no concelho de Chaves. Está apreensivo, pois “se a actividade já não é rentável, com o fim das quotas leiteiras vai ser uma desgraça”. O produtor admite mesmo o encerramento da exploração.

“Até ao final do ano algumas vacarias vão ‘à vida’ e uma delas pode ser a minha”, refere à Renascença, frisando que “cada mês que passa, a facturação diminui e os encargos são cada vez mais. Está muito mal”.

“Como é que podemos competir com um francês ou com um alemão que têm muitos mais subsídios do que nós e que têm uma agricultura totalmente diferente da nossa?”, pergunta o produtor.

Preocupação idêntica é manifestada pelo presidente da Associação de Produtores de Leite do Planalto Mirandês. Higino Ribeiro afirma que “os produtores portugueses não têm capacidade para competir com os produtores de outros países europeus”.

“Os países grandes produtores, como a Alemanha, a França, a Holanda e até a Espanha, vão poder produzir aquilo que quiserem e a custos muito mais baixos do que os nossos e o leite vai chegar ao mercado muito mais barato”, refere Higino Ribeiro, concluindo que “os produtores portugueses não têm capacidade para competir”.

A descida do preço do leite, consequência do fim das quotas leiteiras, “é incompatível para os produtores portugueses que já hoje estão a braços com sérias dificuldades e não têm capacidade para produzir a preços muito baixos”.

A situação dos produtores tende a agravar-se e teme-se o encerramento de muitas explorações leiteiras.

“Aliás, o encerramento já está a acontecer e tememos que o términus das quotas possa agravar as dificuldades dos produtores e conduzir o abandono da actividade”, afirma o dirigente associativo.

No Planalto Mirandês chegaram a existir mais de 300 produtores com cerca de 180 mil litros de leite. Neste momento, restam 70 produtores que produzem cerca de 40 mil litros por dia.