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Comissão do BES “tinha tudo para correr mal mas a verdade é que correu bem”

29 mar, 2015

A opinião é do socialista Pedro Nuno Santos. O deputado diz que o espírito geral foi o de apurar os factos. Mariana Mortágua, do BE, considera que “questões técnicas” diluíram clivagens ideológicas.

Comissão do BES “tinha tudo para correr mal mas a verdade é que correu bem”
Cinco meses depois, a comissão parlamentar ao BES/GES chegou ao fim e os partidos são unânimes no balanço positivo. O socialista Pedro Nuno Santos diz que a comissão "tinha tudo para correr mal, mas a verdade é que correu bem". Para Miguel Tiago, deputado do PCP, "os portugueses tiveram oportunidade quase de em tempo real assistir a uma autópsia de um grupo monopolista". Algo "feito de uma forma exemplar, com muito trabalho, estudo e empenho político", frisou o coordenador do PSD.

Cinco meses depois a comissão parlamentar ao BES/GES chegou ao fim e os partidos são unânimes no balanço positivo. Ainda assim, há quem pense que nem tudo apontava nesse sentido. Pedro Nuno Santos diz que todos estiveram com vontade de apurar os factos, mas que que a comissão "tinha tudo para correr mal, mas a verdade é que correu bem", o que resultou numa "grande vitória do parlamento e [no] contributo para a credibilização da actividade política".

A agência Lusa falou com os cinco deputados coordenadores dos partidos - PSD, PS, CDS-PP, PCP e BE - na comissão de inquérito, numa altura em que estão encerradas as audições e se aguarda o relatório final, a ser feito pelo deputado do PSD Pedro Saraiva.

Para Mariana Mortágua, única deputada do Bloco de Esquerda na comissão, o facto de haver muitas "questões técnicas" na comissão atenuou as "divergências políticas e ideológicas" dos partidos.

"Foram meses intensos", prosseguiu a deputada, que ao estar sozinha a representar o Bloco diz ter tido a "vantagem" de concentrar informação e não a separar "em várias pessoas, cérebros, cabeças", o que permitiu "fazer algumas ligações" entre as audições e as personalidades escutadas.

O PSD, através do coordenador Carlos Abreu Amorim, pensa “que todos os grupos souberam encontrar um ponto de equilíbrio no sentido da responsabilidade, seriedade, e apuramento da verdade nesta comissão de inquérito. E [isso] foi feito de uma forma exemplar, com muito trabalho, estudo e muito empenho político", vincou.
  
Já a deputada Cecília Meireles, coordenadora do CDS-PP, sublinha que a comissão funcionou "de forma diferente do que é habitual, quer das comissões de inquérito quer das comissões em geral".

Os partidos, sustenta, "estavam a remar para o mesmo lado: toda a gente queria perceber o que tinha ali acontecido e isso foi um excelente sinal".

"Autópsia" em directo
Para Miguel Tiago, deputado do PCP, partido que propôs a comissão, o essencial a reter desta comissão é que houve um conhecimento "muito mais aprofundado" - que chegou ao público - de um grupo "monopolista" como o GES.

"Os portugueses tiveram oportunidade quase de em tempo real assistir a uma autópsia de um grupo monopolista e de perceber como o sistema não está preparado minimamente para lidar com estes grupos", declarou à Lusa.

A última audição da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES deu-se na quarta-feira, e no dia 29 de Abril terá de estar concluído o relatório final sobre os trabalhos.