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Madeira precisa de uma "implosão"

27 mar, 2015 • Maria João Costa

Escritor Paulo Sérgio Beju traça retrato da região autónoma à beira das eleições.

Madeira precisa de uma "implosão"

Ilustrador e escritor, Paulo Sérgio Beju diz que a sua ilha vive tempos confusos e de incerteza, mas "nem que seja para pior" é preciso mudar. Em declarações à Renascença, o artista madeirense defende um regresso à natureza e à condição de ilhéus.

Como é a sua Madeira?
A minha Madeira, para começar, é confusa porque a mudança traz confusão. Assusta-nos a mudança porque há vícios, há muita coisa que já está mais do que instalada e isso faz-nos alguma confusão. O momento é de muita indecisão. O que está em alternativa não sabemos se é o melhor e cria uma certa instabilidade. As mudanças trazem alguma instabilidade e essa parte é boa. Nem que seja para pior precisamos de mudar urgentemente.

O que será a Madeira ideal?
A Madeira no seu pleno é uma questão de consciência. Vivemos estas eras todas seguidas, quase 40 anos, vivemos a esquecer quem somos, vivemos iludidos com qualquer coisa e é importante  começar por aí: olharmos para dentro e percebermos quem somos como ilhéus, independentemente da política, começarmos a olhar para o que temos porque temos muita riqueza e acho que até agora vivemos cegos perante essa riqueza porque havia qualquer farsa que nos fazia distanciar dessa riqueza  que é natural e é da natureza. E é importante, para já. Começar a olhar para dentro.

Habituado à linguagem artística, quer do desenho, da ilustração, da fotografia se tivesse de fazer um retrato mais artístico desta Madeira de hoje, o que seria?
Faria uma ilha em implosão. Acho que estamos a precisar disso. Não sei se o resultado destas eleições vai trazer essa implosão, mas penso que isso já começou com as eleições municipais. Já mexeu muita coisa, mexeu as pessoas, mexeu a alteração da forma de ver: afinal é possível mudar, afinal devagar já está a mudar.