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Pilotos da TAP fazem um exame médico por ano. Testes psicológicos não são obrigatórios

26 mar, 2015 • João Carlos Malta e José Carlos Silva

TAP "tem inteira confiança na formação e treino proporcionados aos seus pilotos". Outras companhias aéreas exigem agora a presença permanente de duas pessoas no "cockpit". A TAP deixa a decisão na mão do comandante de cada voo.

Pilotos da TAP fazem um exame médico por ano. Testes psicológicos não são obrigatórios

Os pilotos da TAP são obrigados a fazer testes médicos anuais até aos 60 anos para poderem renovar a licença. Os pilotos com mais de 60 anos têm de o fazer de seis em seis meses. Os testes psicológicos não são obrigatórios.

"Ao longo da sua carreira, para efeitos de licenciamento, são efectuados exames médicos anuais, ou semestrais para os pilotos com idade superior a 60 anos", aponta a companhia, em comunicado, divulgado esta quinta-feira, na sequência da tragédia aérea nos Alpes franceses. 

"São também efectuadas regularmente avaliações médicas no âmbito da Medicina do Trabalho praticada pela companhia", acrescenta a TAP.

A empresa reforça que existem também meios de acompanhamento psicológico. O porta-voz da empresa, António Monteiro, diz à Renascença que estes testes só são accionados se se identificar alguma anomalia psicológica com o piloto durante os testes médicos anuais.

A companhia aérea nacional garante que respeita e cumpre rigorosamente toda regulamentação nacional e internacional e que o "processo de admissão é subordinado a parâmetros muito rigorosos do ponto de vista da saúde física e psicológica dos candidatos".

Por fim, a TAP garante que "tem inteira confiança na formação e treino proporcionados aos seus pilotos, na regularidade e rigor das avaliações das respectivas competências técnicas, médicas e cognitivas, assim como nos procedimentos seguidos".

O director do Gabinete de Prevenção de Acidentes com Aeronaves, Álvaro Neves, considera que será necessário desenvolver novas formas de eliminar riscos.

"É muito mais profundo julgar o factor humano. Talvez seja necessário repensar métodos de recrutamento, repensar baterias de testes que os tripulantes têm que fazer, repensar os tipos de testes que são feitos anualmente. Há aqui uma discussão muito vasta que a indústria aeronáutica terá que pensar e terá, com toda a certeza, de alterar procedimentos", disse à Renascença.

Sempre dois no "cockpit"? TAP põe decisão nas mãos do comandante
São consequências da tragédia nos Alpes franceses: várias companhias aéreas vão exigir a presença permanente de duas pessoas no "cockpit" para evitar que um dos ocupantes possa fechar a cabine, como terá acontecido no voo da Germanwings.

O porta-voz da TAP diz à Renascença que na companhia portuguesa a decisão de ter em permanência dois elementos no "cockpit" cabe ao comandante de cada voo.

De acordo com as conclusões preliminares da investigação avançadas pelos procuradores franceses, a queda do Airbus A320 foi provocada pelo co-piloto numa altura em que se encontrava sozinho no "cockpit".  Foi um "acto voluntário", disse esta quinta-feira o procurador de Marselha, Brice Robin.

A companhia "low cost" britânica Easyjet, que opera também em Portugal, exigirá a partir de sexta-feira a presença constante de duas pessoas no "cockpit", avança a BBC.  A companhia aérea norueguesa Air Shuttle, as canadianas Air Canada e Air Transat e a islandesa Icelandair também adoptaram a medida.

O director de operações da Air Shuttle, citado pela agência de notícias AFP, explica que, a partir de agora, quando um dos pilotos sair, por algum motivo de força maior, um outro membro da tripulação vai passar substituí-lo.

A queda do avião da Germanwings provocou a morte a 144 passageiros e a seis tripulantes.