06 mar, 2015
O secretário-geral comunista diz que o primeiro-ministro "quanto mais fala mais se enterra", referindo-se à polémica sobre a carreira contributiva de Passos Coelho, no comício do 94º aniversário do PCP, na Voz do Operário, em Lisboa.
"Um Governo cujo primeiro-ministro, por mais que explique sobre a trapalhada fiscal e contributiva que o envolve, não só nada esclarece como, usando uma expressão popular, quanto mais fala mais se enterra", disse Jerónimo de Sousa.
O líder do executivo da maioria PSD/CDS afirmara antes que nunca teve conhecimento de "qualquer carta ou notificação" de dívidas à Segurança Social, garantindo que pagou o montante e os juros comunicados em Fevereiro deste ano pela instituição, no valor total de 3914,74 euros.
Em repostas a perguntas do PCP e do PS, às quais a agência Lusa teve acesso, Passos Coelho reitera que julgava que as contribuições para a Segurança Social à época - entre 1999 e 2004 - "não eram devidas", adiantando que pela mesma razão "também não as declarou em sede de IRS".
"Por mais que fale, não afasta a ideia de que há dois pesos e duas medidas, pelo que diz e pelo que não responde. É mais um episódio que reclama e reafirma a urgência da sua demissão. Nem que fosse por um dia a menos deste Governo, era mais um dia na esperança no progresso, na recuperação económica e na justiça social", reclamou o líder comunista.
Este é "um Governo que há muito devia ter sido demitido, como também há muito defendemos, e que todos os dias continua a dar e a somar as razões da nossa exigência, um Governo em confronto com a Constituição, que passou impunemente pelo escândalo dos vistos `gold`", sustentou.
"Querem meter pelos olhos dentro dos portugueses, à força da muita e gorda mentira, que o país regressou à normalidade e está a dar a volta. Nesta campanha, para apanhar o país à falsa fé, o descaramento é enorme. O problema é que a vida aí está, todos os dias, a gritar a realidade dos factos, denunciando as construções falaciosas de um Governo sem escrúpulos", declarou.
O primeiro-ministro não respondeu à pergunta do PCP sobre quais as entidades pelas quais foi remunerado como trabalhador independente nesse período, referindo apenas que "foram prestados serviços a várias entidades", e acrescenta que "os rendimentos daí auferidos foram sempre declarados em sede de IRS".