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Sócrates acusa Passos de estar "próximo da miséria moral"

05 mar, 2015

Nova carta escrita em Évora pelo antigo governante socialista. O tópico é o discurso de Passos Coelho nas jornadas do PSD.

Sócrates acusa Passos de estar "próximo da miséria moral"

O ex-primeiro-ministro José Sócrates acusa o seu sucessor na chefia do Governo, Pedro Passos Coelho, de estar "próximo da miséria moral", ao criticar o discurso deste no encerramento das jornadas parlamentares do PSD.

A acusação de Sócrates foi feita em mais uma carta escrita no estabelecimento prisional de Évora, onde está detido desde Novembro por suspeita de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, e entregue quarta-feira à TSF e ao Diário de Notícias pelos seus advogados.

Na carta, José Sócrates refere que Pedro Passos Coelho "não se limita a confirmar que não é um cidadão perfeito, antes revela o carácter dele e o quanto está próximo da miséria moral".

No discurso de encerramento das jornadas parlamentares do PSD, proferido terça-feira no Porto, o primeiro-ministro afirmou nunca ter usado o cargo para "enriquecer, para prestar favores ou para viver fora das suas possibilidades".

Na resposta, José Sócrates classificou as declarações de Pedro Passos Coelho como um "momento desesperado face às acusações de incumprimento de obrigações contributivas".

"Esta forma de fazer política diz tudo sobre quem a utiliza", considerou também o ex-líder do PS na carta.

Sócrates acusou também Passos Coelho de ter feito um "cobarde ataque pessoal" e de usar o seu processo como arma de luta de política.

O ex-dirigente socialista sustentou que o primeiro-ministro tentou, com o discurso, condicionar o resultado das próximas eleições, considerando ter ficado demonstrado aos "olhos dos portugueses" que o processo que o envolve tem contornos políticos.

José Sócrates reafirmou que não enriqueceu, nem beneficiou ninguém, enquanto foi primeiro-ministro.

"Em vez de atirar lama para cima dos outros, faria melhor em explicar aos portugueses se ele próprio cumpriu ou não cumpriu a lei", concluiu José Sócrates.