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A Rússia é menos livre agora do que há dez anos, diz Obama

03 mar, 2015

O presidente dos EUA considera um erro o discurso que Netanyahu vai fazer ao Congresso, na terça-feira, e diz ainda que já se estão a sentir os efeitos da abertura a Cuba.

A Rússia é menos livre agora do que há dez anos, diz Obama
Numa entrevista ao correspondente da Reuters da Casa Branca, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, elogiou a união internacional ao exigir ao Irão "que mostre ao mundo que não está preparar uma arma nuclear". Obama condena o clima de censura e ameaça que se vive actualmente na Rússia e acredita que isso é "parte do que tem permitido que a Rússia se envolva no tipo de agressão que se tem verificado contra a Ucrânia".
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considera que a Rússia é menos livre agora do que era há dez anos.

Entrevistado pela Reuters, o presidente americano não chega a culpar o governo de Putin pelo assassinato de um dos seus principais opositores, na final da semana passada, mas constata que o país regrediu.

Questionado sobre o eventual envolvimento do Kremlin na morte de Boris Nemtsov, Obama respondeu: “Nesta altura, não sei o que se passou. Mas o que sei é que, de forma geral, a liberdade de imprensa, a liberdade de reunião, a liberdade de informação, os direitos e as liberdades civis básicas na Rússia estão em pior estado agora do que estavam há quatro, cinco ou dez anos”.

Sobre o crime, especificamente, Obama diz que já pediu uma investigação independente, mas deixa a ressalva: “Se isso é possível na Rússia dos nossos dias, não é claro”.

“Isto é uma indicação de um clima na Rússia em que a sociedade civil, jornalistas independentes e pessoas a tentar comunicar na internet se têm sentido cada vez mais ameaçadas, constrangidas e, cada vez mais, a única informação a que o público russo tem acesso vem de meios estatais. Isto é um problema e é parte do que tem permitido, na minha opinião, que a Rússia se envolva no tipo de agressão a que tem recorrido contra a Ucrânia”, reforçou.

Irão e Cuba
A entrevista a Obama foi feita na véspera de um discurso do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu perante o congresso americano em que se espera que o enfoque seja a situação no Irão.

Esta é uma área em que a administração de Obama e Israel estão em desacordo, o que já levou algumas figuras próximas da presidência a descrever o discurso como destrutivo. Na entrevista, Obama defende o diálogo para enfrentar a ameaça nuclear do Irão e diz que o objectivo é levar Teerão a comprometer-se a não procurar armas nucleares na próxima década ou mais.

Obama insiste que não se vai encontrar com Netanyahu porque, por norma, os presidentes não se encontram com personalidades políticas que estejam próximas de enfrentar eleições no seu país, como é o caso em Israel.

Finalmente, em relação a Cuba, Obama diz que a normalização das relações entre os dois países vai levar o seu tempo, mas que já se começam a notar mudanças: “Espero poder vir a abrir uma embaixada e algumas das bases já estão a ser lançadas. Tenham em conta que nunca esperámos alcançar a normalização imediatamente. Ainda há muito que fazer. Mas estamos a percorrer um caminho no qual podemos abrir as nossas relações com Cuba de uma forma que irá, no final de contas, promover mais mudanças no país, e já as estamos a ver”.