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Autoridades preocupadas com cheias em Moçambique

28 fev, 2015

Pelo menos 160 pessoas morreram e mais de 188 mil foram afectadas pelas cheias, em Janeiro.

As autoridades da Zambézia, centro de Moçambique, continuam em alerta máximo para o risco de novo transbordo do rio Licungo, que, em Janeiro, provocou as maiores cheias da história da província.

Maria Luciano, delegada do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) na Zambézia, disse à Lusa que, desde quinta-feira, o caudal do rio Licungo ultrapassou os seis metros, correspondentes ao alerta máximo, e galgou estradas, embora nas últimas 24 horas "os níveis das águas começaram a baixar".

"O nosso maior receio era a nova ponte sobre o rio Licungo em Mocuba", disse à Lusa Maria Luciano, recordando o desabamento parcial da travessia, no dia 12 de Janeiro, e que interrompeu a N1, a única estrada que liga o centro ao norte de Moçambique.

Apesar de a circulação ter sido reposta, cerca de um mês mais tarde, ainda há estragos por reparar na ponte de Mocuba e novos danos seriam "deteriorantes" para esta estrutura essencial da província da Zambézia.

Segundo o delegado do INGC na província de Sofala, citado pelo diário Notícia, também o caudal do rio Zambeze se elevou nos últimos dias e deixou várias comunidades isoladas, nomeadamente 800 famílias no posto administrativo de Malingapansi, no distrito de Marromeu.

Moçambique é ciclicamente assolado por cheias durante a estação chuvosa, que tem o seu pico entre Janeiro e Fevereiro, por localizar-se a montante de algumas das principais bacias hidrográficas da África Austral, e as enxurradas têm sido acompanhadas por epidemias de cólera, que provocam dezenas de óbitos.

Pelo menos 160 pessoas morreram e mais de 188 mil foram afectadas pelas cheias, em Janeiro, nas províncias do centro e do norte do país.

Só na Zambézia, 137 pessoas morreram, 64 foram dadas como desaparecidas e mais de 40 mil perderam as suas casas em resultado das cheias, que alagaram campos agrícolas, destruíram salas de aulas, estradas, pontes e rede eléctrica.

Paralelamente aos estragos provocados pelas cheias, um surto de cólera eclodiu nas províncias assoladas pelas enxurradas, matando pelo menos 37 pessoas, de um total de 2.903 de doentes.