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Ex-administrador do BES: "Foi-nos transmitido que o banco era viável"

04 fev, 2015

João Moreira Rato está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).

O ex-administrador do BES e do Novo Banco João Moreira Rato disse que lhe foi dito que o banco era viável e os responsáveis transitaram para o Novo Banco temendo o "efeito de dominó" sobre o sistema financeiro.

"Foi-nos transmitido que o banco era viável e que as possíveis necessidades de provisionamento das suas contas, que adviriam de uma exposição do BES ao GES, seriam acomodadas pela almofada de capital existente", revelou Moreira Rato na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), sem especificar quem lhe declarou que o banco era viável.

O responsável está a ser ouvido desde cerca das 16h20 e fez uma curta apresentação inicial perante os deputados. Moreira Rato sublinhou que "além da exposição ao GES, a exposição ao BES Angola era outra questão importante" com que o BES então se deparava.

"Foi-nos transmitido que essa questão estava a ser tratada pelas autoridades dos dois países com boas perspectivas de ser clarificada no curto prazo e sem impacto material nas contas do BES", acrescentou.

O antigo presidente do IGCP, que gere a dívida pública, acrescentou que a "gestão da liquidez" transformou-se na "primeira prioridade" da sua equipa, nomeadamente devido à "saída diária de depósitos".

"O destino previsto para o Novo Banco afastou-se do projecto que nos havia levado a aceitar entrar para a administração do BES e de, após a medida de resolução, continuar à frente do Novo Banco, pelo que entendemos que o testemunho deveria ser passado a uma equipa que estivesse vocacionada para a concretização de um mandato que havia sido entretanto clarificado", declarou João Moreira Rato.

A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado. Os trabalhos têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".