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Um em cada cinco portugueses estava em risco de pobreza em 2013

30 jan, 2015 • Anabela Góis

Economista Carlos Farinha Rodrigues diz que números apontam um retrocesso nas políticas de combate à pobreza. “São indicadores que nos levam de volta a 2004”.

Um em cada cinco portugueses estava em risco de pobreza em 2013
O risco de pobreza continuou a aumentar em Portugal. Em 2013 afectou quase dois milhões de portugueses, de acordo com os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento divulgados, esta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

São mais 0,7% do que no ano anterior e mais 1,4% do que em 2010. São pessoas que vivem com menos de 411 euros por mês.

De acordo com o inquérito, realizado anualmente junto das famílias residentes em Portugal, o risco de pobreza não só aumentou como abrangeu todos os grupos etários, embora seja mais elevado no caso dos menores.

Entre as crianças e jovens com menos de 18 anos, o risco de cair na pobreza aumentou 1,2% e ultrapassa agora os 25%.

A presença de crianças num agregado familiar está associada ao aumento do risco de pobreza: É de 23% para as famílias com crianças, descendo para 15,8% nas famílias sem crianças dependentes.

Feitas as contas, as famílias monoparentais são as que enfrentam taxas de risco de pobreza mais elevadas, logo seguidas pelos agregados com dois adultos com três ou mais crianças.

Também aumentou a taxa de risco de pobreza para a população idosa e para as mulheres.

Manteve-se a tendência de aumento do risco de pobreza para os desempregados, chegando aos 40,5% em 2013. Mas também subiu, embora ligeiramente, o risco de pobreza para quem tem trabalho e para os reformados.

De acordo com o Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos, o risco de pobreza aumentou apesar de terem aumentado também as transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social para a redução do risco de pobreza.

Indicadores de pobreza recuam dez anos
Para o economista Carlos Farinha Rodrigues, os dados agora divulgados mostram que a pobreza em Portugal está a níveis de há dez anos. Os números apontam para um retrocesso nas políticas de combate à pobreza.

“São indicadores que nos levam de volta a 2004”, diz à Renascença.

“Estes dados são muito claros no acentuar de praticamente todos os indicadores de pobreza. Confirmam a inversão de tendência que houve desde 2009, no sentido de termos passado, de uma fase de descida da pobreza em Portugal, para uma fase de aumento praticamente contínuo dos principais indicadores de pobreza desde essa data”, aponta este especialista em desigualdades.