Tempo
|

As quatro prioridades para a democratização dos países árabes

29 jan, 2015 • Hélia Martinho

Debate do Instituto Luso-Árabe para a Cooperação juntou cinco embaixadoras em Portugal.

A embaixadora do Reino de Marrocos em Portugal identifica os quatro grandes desafios dos países islâmicos. Num debate na Universidade Nova de Lisboa, que juntou cinco embaixadoras de países árabes e islâmicos, Karima Benyaich refere que as prioridades para atingir a democratização devem ser “conhecimento mútuo, desenvolvimento, educação e boa governação”.

“Somos confrontados com os mesmos desafios: desenvolvimento, educação, boa governação, democratização. E também o desenvolvimento nos nossos diferentes países. Cada país neste marco tem o seu ritmo em função da sua história, da sua posição geostratégica, e por isso as diferenças. E partilhamos todos a mesma religião, que é o islão. E como disse antes, cada país tem ritmos, doutrinas, que fazem a diferença entre uns e outros. Mas todos temos a vontade de avançar num processo de democratização, porque o Islão não está contra a democratização, somos países árabes e muçulmanos mas podemos consegui-la e estamos a consegui-la. Estamos todos em processo de democratização”, disse.

Já a embaixadora Saloua Bahri, da Tunísia, recorda a chamada “Primavera Árabe” como “algo muito entusiástico, algo poético”. No entanto, nem tudo tem sido fácil nos últimos anos. “A realidade tem-se traduzido em tempos difíceis”, reforça.

A embaixadora da Argélia elogia Portugal. Fatiha Selmane lembra que “o mundo árabe e islâmico, muçulmano, é um mundo tão perto de Portugal, do sul da Europa, que temos obrigação de nos conhecermos”. Fatiha Selmane ressalva que “o conhecimento mútuo é importantíssimo, porque é o desconhecimento que leva a conflitos”.

Leena Salim Moazzam, embaixadora do Paquistão, deixa uma nota de humor no debate e lembra que “actualmente no Paquistão os homens brincam e já pedem cotas porque todos os lugares de topo estão a ser ocupados por mulheres”.

“Elas trabalham arduamente, todas nós aqui presentes – mulheres - sabemos que temos de trabalhar duas vezes mais do que os homens. Não quero soar feminista, mas é um facto no Paquistão”, reforça Leena Salim Moazzam.

Num colóquio organizado pelo Instituto Luso-árabe para a cooperação, que juntou cinco mulheres embaixadoras esteve também a embaixadora dos Emirados Árabes Unidos, Najla Mohamed AlQassimi.

De acordo com o presidente do instituto, Manuel Pechirra, o objectivo tem sido construir pontes entre os povos árabes e islâmicos, respeitando as diferenças e os quadros culturais que são próprios de cada um.