Tempo
|

Novo governo grego trava privatizações e cortes na função pública

28 jan, 2015 • Matilde Torres Pereira

"Chegámos para mudar radicalmente a forma como as políticas e a administração são conduzidas neste país", disse Alexis Tsipras aos ministros na primeira reunião do governo.

Novo governo grego trava privatizações e cortes na função pública
Greek Prime Minister Alexis Tsipras and members of the Greek government poses to photographers for the family photo, outside the Parliament, in Athens

O recém-eleito primeiro-ministro grego Alexis Tsipras prometeu mudanças "radicais" na primeira reunião do conselho de ministros do novo governo esta quarta-feira.

O líder do Syriza diz que a prioridade é a renegociação da dívida com os parceiros europeus para encontrar uma solução viável e garante que o governo tem um plano para fazer reformas sem aumentar o défice.

Ainda antes da reunião, alguns dos novos ministros fizeram declarações à comunicação social para assegurar aos eleitores que iriam cumprir as promessas feitas em campanha para aliviar as duras políticas de austeridade implementadas no programa de assistência financeira à Grécia.

Para já, a venda da Public Power Corporation of Greece (PPC), a companhia energética nacional da Grécia foi travada, tal como a privatização do porto de Piraeus.

"Vamos travar imediatamente qualquer privatização da PPC", declarou o ministro da Energia Panagiotis Lafazanis à televisão grega, horas antes de tomar posse oficialmente. "Haverá uma nova PPC, que vai ajudar consideravelmente à restauração das actividades produtivas do país".

A venda da PPC foi acordada entre o antigo primeiro-ministro Antonis Samaras e a troika como parte de um plano de privatizações previstos pelo resgate financeiro.

A travagem da privatização do porto de Piraeus, um negócio na mira do grupo chinês Costco, foi uma das primeiras decisões anunciadas. "O negócio com a Cosco será revisto em benefício do povo grego", disse o secretário de estado Thodoris Dritsas.

Já o ministro da reforma administrativa, Giorgos Katrougalos, disse à televisão grega que os cortes previstos nos postos de trabalho da função pública não iriam para a frente. Os cortes inconstitucionais e que não passaram por nenhuma avaliação serão cancelados, disse.

O novo governo grego prometeu ainda reverter o processo de mobilidade laboral, utilizado para despedir milhares de funcionários públicos e uma das medidas chave do plano de austeridade. "Será uma das primeiras medidas que tomarei como ministro", disse Katrougalos. A devolução dos cortes nas pensões também é uma medida prevista.

Mudar "radicalmente"
"Chegámos para mudar radicalmente a forma como as políticas e a administração são conduzidas neste país", disse Alexis Tsipras aos ministros na primeira reunião do governo.

Tsipras afirmou que as suas prioridades são ajudar os sectores mais fragilizados da sociedade, com políticas que ataquem o clientelismo e a corrupção, reduzir o desperdício e baixar a taxa de desemprego.

Numa medida mais simbólica, o novo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, anunciou que vai voltar a contratar as empregadas de limpeza despedidas em bloco do ministério das Finanças e que se tornaram símbolo da luta contra a austeridade, protagonizando mais de um ano de protestos frente aos ministérios.

Varoufakis diz que planeia reduzir o número de consultores financeiros do ministério para cortar nos custos e poder recontratar as empregadas de limpeza.

O que defende o "marxista errático" que vai mandar nas finanças da Grécia?