As exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de rigor financeiro enfraqueceram os sistemas de saúde dos países africanos mais afectados pelo ébola e impediram uma resposta coordenada para lutar contra a epidemia, afirmaram vários investigadores britânicos.
De acordo com especialistas do departamento de sociologia da Universidade de Cambridge, da Universidade de Oxford, e da Escola de Medicina e Higiene & Medicina Tropical de Londres, os programas de reforma exigidos pelo FMI contribuíram para os problemas da falta de meios na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, os três países no epicentro da epidemia que causou mais de 7.370 mortos em um ano.
“Uma das principais razões da expansão da epidemia foi a fraqueza dos sistemas de saúde da região”, disse o principal autor do estudo, o sociólogo de Cambridge, Alexander Kentikelenis.
“Em 2013, pouco antes do surto de ébola, os três países foram confrontados com directivas económicas do FMI, e nenhum pode aumentar as suas despesas sociais, apesar das necessidades prementes na área da saúde”, estimou o sociólogo de Cambridge e co-autor do estudo Lawrence King.
Um porta-voz do FMI respondeu que o mandato da organização não incluía especificamente o domínio da saúde e que era “totalmente falso” afirmar que a propagação do ébola era uma consequência da política do FMI.
“Tais acusações são baseadas num mal-entendido, e em certos casos numa deformação das políticas económicas praticadas pelo FMI”, afirmou.
O porta-voz recordou que o FMI concedeu, em Setembro, uma ajuda financeira de 102,5 milhões de euros (130 milhões de dólares) no quadro da luta contra o Ébola, e afirmou que a instituição planeava fornecer uma quantia idêntica à Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa no próximo ano.
O número de mortes devido ao ébola subiu para 7.373, nos três países mais afectados na áfrica ocidental, segundo os últimos números da Organização Mundial de Saúde (OMS).
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