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Vulcão vai ter "grande impacto" na economia de Cabo Verde

19 dez, 2014

É o primeiro-ministro José Maria Neves quem o diz de visita a Portugal.

A erupção vulcânica na ilha do Fogo vai ter um "grande impacto" na inflação e no desemprego em Cabo Verde, disse em Lisboa o primeiro-ministro cabo-verdiano.

José Maria Neves, que falava à entrada de um encontro com a comunidade cabo-verdiana que decorreu ao início da noite na universidade Lusófona, acrescentou que os prejuízos com a erupção ultrapassam os 50 milhões de euros, mas assegurou que a ilha do Fogo será reconstruída.

"Os prejuízos são enormes, ascendem a mais de 50 milhões de euros, os dados provisórios do primeiro levantamento, mas estamos empenhados, no momento pós-erupção, fazer a reconstrução da ilha", disse.

Segundo José Maria Neves, a erupção vulcânica "vai ter um grande impacto na inflação porque a Chã das Caldeiras é um dos celeiros de Cabo Verde. Vai ter um grande impacto na produção agrícola e vinícola e no desemprego. Aquelas pessoas desalojadas e que viviam da produção agrícola e da indústria agro-alimentar vão ter algumas dificuldades", acrescentou, na fase final da sua vista a Portugal onde participou na III cimeira luso-cabo-verdiana e visitou diversas regiões do país.

"Mas estamos empenhados e vamos criar o gabinete de reconstrução da ilha do Fogo para no pós-erupção fazermos o nosso trabalho de casa e podermos reconstruir a ilha", prometeu.

"Portugal foi o primeiro país a acudir Cabo Verde"
José Maria Neves revelou ainda que no quadro do programa indicativo de cooperação para 2015 com Portugal, vão ser aplicadas verbas no desenvolvimento da ilha do Fogo.

"Portugal foi o primeiro país a acudir Cabo Verde, enviou uma fragata, depois duas ambulâncias, e os municípios através da UUCLA, da Associação nacional de municípios ou individualmente estão a mobilizar recursos para continuar a apoiar Cabo Verde", salientou.

O chefe do governo cabo-verdiano, que manifestou a disposição de transmitir uma "mensagem de grande optimismo" para a sua comunidade, recordou que em 2015 de celebram os 40 anos da independência do arquipélago e referiu-se a um país novo.

"Transformámos Cabo Verde de um país impossível num país possível. A probabilidade de Cabo Verde ter sucesso era 1975 era mínima, e hoje Cabo Verde tem uma grande confiança no futuro, sobretudo temos muito menos dúvidas e mais certezas quanto ao futuro", ressalvou.

"É essa a mensagem de muita confiança e optimismo que vou trazer aos cabo-verdianos, dizendo-lhes que temos de continuar a este ritmo para no horizonte de 2030 termos um Cabo Verde desenvolvido, moderno, competitivo e que possa das condições para que todos vivam com muita dignidade".

A deslocação a Portugal foi definida como "muito produtiva", com José Maria Neves a sublinhar o sucesso de mais uma cimeira bilateral.

"Projectámos o futuro, novas áreas de cooperação, particularmente no domínio do mar, das energias renováveis, do agronegócio, com uma forte orientação para o fortalecimento de parcerias entre as empresas cabo-verdianas e portuguesas para impulsionar a afirmação e desenvolvimento do setor privado, que deve assumir cada vez mais protagonismo neste processo de construção de parcerias entre Portugal e Cabo Verde".

As áreas do ensino superior, ciência e inovação, e a área cultural também foram temas abordados entre as duas partes. Neste âmbito, visitou a universidade de Aveiro "que tem uma cooperação importante com Cabo Verde no domínio das tecnologias informacionais e do hipercluster do mar que estamos a construir em Cabo Verde", para além de deslocações a Coimbra e Viseu.

Nesta última cidade, o chefe do governo cabo-verdiano discutiu com responsáveis locais o reforço das relações com os municípios portugueses, sublinhando o seu "papel importante" na consolidação do sistema democrático.

"O poder local é um pilar importante do Estado de direito democrático em Cabo Verde, mas também um contributo enorme para o desenvolvimento social do país e mobilizar apoios para a ilha do Fogo, que está em erupção. Este ano foi muito seco e explosivo em Cabo Verde", concluiu.

O vulcão da ilha do Fogo entrou em erupção no dia 23 de Novembro e até agora não provocou vítimas, tendo destruído Portela e Bangaeira, as duas povoações de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos da ilha.