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Miró. Arte que não se expôs ou classificou pode ser leiloada em 2015

18 dez, 2014

Tema de debates parlamentares e alvo de iniciativas do Ministério Público, a colecção do ex-Banco Português de Negócios (BPN) chega ao fim do ano guardada na Caixa Geral de Depósitos.

Miró. Arte que não se expôs ou classificou pode ser leiloada em 2015
O leilão das 85 obras de Joan Miró que estão na posse da Parvalorem e da Parups pode ser marcado no primeiro trimestre de 2015, "se estiverem resolvidas as questões jurídicas".

Contactado pela agência Lusa sobre uma estimativa da nova data de realização do leilão, o presidente destas empresas, Francisco Nogueira Leite, escusou-se a precisar, mas sublinhou que "seria desejável quanto antes, para reembolsar dívida" do ex-Banco Português de Negócios (BPN).

O leilão, a realizar em Londres pela Christie´s, foi adiado por duas vezes este ano, na sequência de processos interpostos pelo Ministério Público no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa (TACL), contra a saída das obras do país.

As empresas Parvalorem e Parups foram criadas pelo Estado em 2010 com o objectivo de gerir os activos e recuperar os créditos do ex-BPN, nacionalizado em 2008. Com a venda destas obras, as empresas contavam recuperar parte desses créditos.

Questionado sobre o conjunto de obras de arte que as empresas detêm, Francisco Nogueira Leite indicou que rondam as 150, sobretudo de pintura, mas também algumas em escultura, de artistas portugueses e estrangeiros, como revelou quando esteve no parlamento, em Fevereiro, numa audição a pedido dos deputados sobre o caso.

De acordo com o responsável a lista de obras de arte "existe ainda em esboço e só será definitiva quando for avaliada e com a certeza da propriedade legal" de todas as peças."Esta questão da legalização tem a ver com o facto de muitas obras serem provenientes de pagamentos de dívidas e dações em pagamento", explicou.

As empresas calculam que a suspensão da venda das 85 obras de Miró, contratualizado com a Christie´s, vai custar este ano 1,9 milhões de euros em juros, à Parvalorem e à Parups.

O contrato para a venda colecção composta por 84 pinturas e uma escultura de Joan Miró (1893-1983) - 13 obras pertencentes à Parups e 72 à Parvalorem - "continua válido e ambas as partes interessadas na venda", segundo o presidente.

As obras estão guardadas na Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, desde o final de Fevereiro, e as empresas têm recusado a sua exposição pública invocando as questões judiciais pendentes.

A polémica começou em Janeiro deste ano, quando um movimento de artistas e curadores defendeu, numa petição pública, a manutenção das 85 obras de arte em Portugal, chegando a receber mais de 10 mil assinaturas. Tema de debates parlamentares e alvo de iniciativas do Ministério Público, a coleção de arte Miró do ex-Banco Português de Negócios (BPN) chega ao fim do ano tal como estava: nem se vende, nem se exibe, nem se classifica.