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Encontrados centenas de milhões ocultos nas contas do Vaticano

03 dez, 2014 • Filipe d'Avillez

Revelação feita pelo cardeal convidado pelo Papa para proceder à reforma do sistema financeiro da Santa Sé. Não se trata de dinheiro de origem suspeita, garante.

Encontrados centenas de milhões ocultos nas contas do Vaticano
A comissão que tem estado a proceder à reforma do sistema financeiro do Vaticano já descobriu "centenas de milhões de euros" que não apareciam nas contas oficiais.

A revelação foi feita pelo Cardeal George Pell, o australiano convidado pelo Papa para proceder à reforma de todo o sistema financeiro da Santa Sé.

De acordo com um texto escrito pelo Cardeal no jornal inglês “Catholic Herald”, não se trata de dinheiro de origem suspeita, mas simplesmente de fundos que não estavam declarados e por isso não apareciam no balanço oficial do Vaticano.

"É importante realçar que o Vaticano não está falido. Apesar de o fundo de pensões precisar de ser reforçado, para enfrentar os desafios que surgirão dentro de 15 ou 20 anos, somos auto-suficientes, para além de termos investimentos e activos significativos", escreve.

De seguida, o cardeal faz a revelação surpreendente: "De facto, descobrimos que a situação está bem melhor do que pensávamos, porque encontrámos umas centenas de milhões de euros que estavam depositados em certas contas seccionais e por isso não apareciam no balanço oficial".

Esta realidade deriva, segundo o cardeal, da falta de coordenação e transparência entre as diversas entidades do Vaticano. É uma situação com a qual a comissão de reforma teve de lidar: "As congregações, os conselhos e, especialmente, a Secretaria de Estado, gozavam de, e defendiam, uma grande independência. Os problemas eram mantidos 'dentro de portas' (como era o costume na maioria das instituições, tanto seculares como religiosas, até recentemente). Muito poucos divulgavam as coisas externamente, salvo quando precisavam de ajuda".

No seu texto, o cardeal explica que é preciso uma nova mentalidade em relação ao dinheiro na Santa Sé: "Quem dá dinheiro espera que os donativos sejam tratados de forma honesta e eficiente, para que se alcance o melhor retorno em termos de financiar as obras da Igreja, sobretudo no que diz respeito a pregar o Evangelho e ajudar os pobres a escapar à pobreza".

"Uma igreja para os pobres não tem de ser gerida pobremente", conclui George Pell.