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Fora da Caixa

Santana Lopes dá "suficiente pequeno" ao plano Juncker

28 nov, 2014

Para o antigo primeiro-ministro, a Comissão Europeia prometeu, mas não ser o “Pai Natal” do relançamento da economia. No programa “Fora da Caixa” da Renascença, António Vitorino diz que estamos melhor do que há seis meses.

Santana Lopes dá "suficiente pequeno" ao plano Juncker
Para o antigo primeiro-ministro, a Comissão Europeia prometeu, mas não vai ser o “Pai Natal” do relançamento da economia. No programa “Fora da Caixa” da Renascença, António Vitorino diz que estamos melhor do que há seis meses.

O novo presidente da Comissão Europeia “não vai fazer de Pai Natal”. O plano de Jean-Claude Juncker para relançar a economia é um “pontapé de saída”, mas fica aquém das expectativas, afirma Pedro Santana Lopes no programa “Fora da Caixa” da Renascença.

“Não vou dizer que houve um ‘ora bolas’, mas houve um sorriso amarelo. Estamos num tempo em que queremos acreditar em tudo, é um pontapé de saída, tem essa vantagem de não pôr muito dinheiro público em cima da mesa, serem mais garantias. É positivo, mas em relação à expectativa é um suficiente pequeno”, diz o antigo primeiro-ministro.

Durante a campanha eleitoral Juncker prometeu injectar mais de 300 mil milhões de euros na economia, mas esta semana a Europa ficou a saber que a missão é bem mais difícil. Vai ser criado um Fundo Europeu de Investimento Estratégico de 21 mil milhões de euros, que a Comissão Europeia estima poder multiplicar até 15 vezes através da captação de dinheiros públicos e privados.

Santana Lopes considera que o plano satisfaz a Alemanha, porque tem “pouco dinheiro público em cima da mesa”.

Defende  também que devem ser definidas regras para vincar “exigências de associação” e o “multinacionalismo em relação aos investimentos”, para evitar que o dinheiro vá parar a projectos ou empresários “já de si privilegiados pela região onde se encontram”.

"Estamos melhor do que há seis meses"
O antigo comissário europeu António Vitorino deixa um desejo em relação ao plano Juncker: que todos os projectos apoiados sejam novos e que não haja “reciclagem”.

António Vitorino defende que Portugal “tem interesse em identificar projectos que, em primeiro lugar, sejam susceptíveis de interessar ao investimento privado”. Em segundo lugar, obras com algum investimento público, uma vez que não conta para o défice, que se traduzam numa “melhoria da competitividade e da qualificação dos quadros em Portugal”.

Em relação a projectos concretos, refere que a interconexão energética transpirenaica “é indirectamente importante” para Portugal e é “mais importante” para a Espanha.  

“Depois há questões que têm a ver com as ligações dos portos e da ferrovia portuguesa ao centro da Europa que podem ser também interessantes a comtemplar. Isso está a ser trabalhado [pelo Governo], mas o financiamento não está garantido”, sublinha.

Santana Lopes faz uma comparação entre o novo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi: “O sorriso amarelo que Juncker é capaz de ter visto é mais ou menos o mesmo que Mario Draghi também tem visto desde que passou das palavras à prática neste segundo processo”, refere.

O antigo primeiro-ministro reconhece que, “pelo menos, o carro está a andar” e António Vitorino acrescenta: “Estamos melhor do que há seis meses”. “Sem dúvida”, remata Santana Lopes no programa “Fora da Caixa” da Renascença.

O "Fora da Caixa", que pode ouvir à sexta-feira a partir das 23h00, na "Edição da Noite", é uma colaboração da Renascença com a EURANET PLUS, rede europeia de rádios.