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Cante alentejano é agora Património da Humanidade

27 nov, 2014

A distinção foi aprovada pelo Comité Intergovernamental da Unesco. "Começou tudo a chorar".

Cante alentejano é agora Património da Humanidade
Depois de o comité da Unesco anunciar a inscrição do Cante Alentejano na lista de Património Imaterial, esta quinta-feira, em Paris, este é o momento da consagração. O grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa sobe a palco para entoar o Cante para todo o mundo.
O cante alentejano, um canto colectivo sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, foi esta quinta-feira classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

"Para nós é o expoente máximo do canto alentejano, estamos com uma alegria do tamanho do mundo", conta à Renascença Carlos Paraíba, um dos elementos do grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, que viajou de autocarro para Paris para assistir à reunião da Unesco.

Depois do anúncio, o grupo subiu ao placo para cantar e deixou-se levar pela emoção do momento. “A moda saiu-nos bem e fomos muito aplaudidos, depois começou tudo a chorar”.

Antes de regressar a Portugal, o grupo tenciona festejar com os petiscos e o vinho alentejano que não deixou de levar para a viagem a Paris.

A distinção foi aprovada, esta quinta-feira, pelo Comité Intergovernamental da Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Humanidade, que está reunido esta semana na capital francesa.

Passos elogia "uma arte vibrante"
Em comunicado, o primeiro-ministro diz que a distinção é o "esperado e merecido tributo" a uma das referências culturais que "melhor reflecte a identidade e a história de uma comunidade e de uma região", assim como uma "forma de expressão musical única" que se pretende continuar a "valorizar e divulgar", agora com o estatuto reforçado de "legado mundial".

Passos Coelho elogia "a grande comunidade do cante alentejano", especialmente os seus intérpretes, "que o elevaram a uma arte vibrante e plenamente consagrada".

"Após a inscrição do fado, em 2011, e da dieta mediterrânica, em 2013, na lista representativa do património cultural imaterial da humanidade, este é o terceiro elemento português ali inscrito, facto que nos deve encher a todos de orgulho", refere ainda o comunicado.

Para o realizador do documentário "Alentejo, Alentejo", que estreou em Agosto deste ano e ajudou a promover a candidatura, a classificação da Unesco representa uma "uma enorme alegria". Sérgio Tréfaut conta à Renascença que ouviu a notícia na rádio do carro, uma vez que já está a caminho do Alentejo, onde vai ai festejar com as pessoas com quem filmou.

Por sua vez, o presidente do Turismo do Alentejo destaca o "reconhecimento único" num "dia de fortes emoções, depois de um percurso de quatro anos que valeu mesmo a pena".

"Portugal e os alentejanos têm de estar muito orgulhosos por esta classificação que terá certamente repercussões ao nível turístico", lembra António Ceia da Silva.

A candidatura do cante alentejano foi entregue à Unesco em Março do ano passado, depois de, em 2012, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ter decidido adiar a sua apresentação, por considerar que o processo não reunia condições para ser aceite.