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“Plano Juncker” já ouve críticas dos socialistas

27 nov, 2014

Eurodeputada Maria João Rodrigues defende “o investimento público para ele arrastar a massa de investimento privado que vai ser necessária”.

Os milhões de Jean-Claude Juncker já estão debaixo de críticas. O presidente da Comissão Europeia apresentou esta quarta-feira o “plano Juncker” para relançar a economia europeia.

Durante a campanha eleitoral prometeu injectar mais de 300 mil milhões de euros na economia, mas esta quarta-feira ficámos a saber que a missão é bem mais difícil: passa por converter 21 mil milhões de fundos em 315 milhões de investimento, através da captação de projectos.

O objectivo é multiplicar por 15 cada euro do “fundo Juncker”, sobretudo através de capital privado. Os socialistas europeus já vieram dizer que o capital inicial não chega, deve haver mais dinheiro público, como avança a eurodeputada Maria João Rodrigues.

“Nós queremos um plano que vá mais longe que este. Para nós o que está em causa é ter relançamento económico na Europa, com crescimento mas também mais emprego e melhor emprego. Queremos que as divergências que existem na Europa em termos sociais e económicos sejam reduzidas – são muito graves. Queremos também promover uma transição para uma economia mais verde e mais inteligente”, disse.

Maria João Rodrigues lembra que “a Europa tem um grande défice de investimento, o maior em todo o mundo”. “Isto tem que acabar e nós propusemos um plano que requer instrumentos mais fortes do lado do investimento público para ele arrastar a massa de investimento privado que vai ser necessária”.

Para proteger países como Portugal, que estão em recuperação, os socialistas europeus defendem a introdução de uma cláusula que impeça que estes investimentos agravem o défice ou a dívida.

“Nós batalhamos por esta cláusula fundamental, que eu acho profundamente inovadora se for consagrada: Se houver contributos dos estados membros, esses contributos não deve agravar nem défice nem dívida pública. A razão de ser disto é muito simples: a Europa precisa de mais investimento, esse investimento tem que aparecer ao nível nacional, mas como há limites que decorrem da disciplina do pacto de estabilidade, a europa tem que construir capacidade de investir ao nível europeu. Hoje foi dado um primeiro passo, mas nós ainda não estamos satisfeitos”.

Maria João Rodrigues fez estas declarações em Bruxelas, onde criticou o silêncio a que se tem remetido o Governo português sobre esta matéria.

A Renascença está desde segunda-feira a pedir respostas a vários Ministérios, mas ainda não obteve qualquer informação útil.

A Renascença também ouviu a opinião do presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, que espera que os maiores países mostrem desta vez solidariedade, porque tem de ser o capital público a captar o privado. Por outro lado, sublinha que esta iniciativa chega em boa hora, nomeadamente para Portugal.

“É fundamental que a UE promova medidas que venham a fomentar o crescimento económico e o crescimento, o ‘plano Juncker’ vem tentar responder a esse desafio. Agora, mais importante que as boas intenções é a concretização no terreno, a operacionalização. Os países com excedentes orçamentais têm que, em termos da solidariedade europeia que tem andado arredada das acções dos governantes, têm que existir, por isso espero sinceramente que os estados com excedentes sejam o motor da operacionalização deste plano, sob pena dele fracassar.”

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal acrescenta que “os capitais públicos não são inesgotáveis. Se Portugal tivesse que contribuir para este fundo não sei onde iriamos buscar essa possibilidade”.