23 nov, 2014
O primeiro-ministro não quis comentar directamente a detenção de José Sócrates, mas reconheceu que o que aconteceu "não é uma coisa trivial, é um facto que chama à atenção".
Em Avanca, Pedro Passos Coelho repetiu que "em Portugal as instituições funcionam e funcionam com respeito pela separação de poderes". Por isso, "é um processo que cabe à justiça, não cabe à política nesta altura".
"Não sou comentador, sou primeiro-ministro, não devemos ter estados de alma", acrescenta o chefe de Governo. "Aguardaremos com serenidade que a justiça faça o seu caminho para que o país fique a saber o que se passa".
"Não quero fazer comentários. Sabemos que o que aconteceu não foi uma coisa trivial, mas não é matéria que, por enquanto, diga respeito à política. Diz respeito à Justiça e é a Procuradoria-Geral da República que deve dar ao país as explicações que se impõem", disse.
Passos falava aos jornalistas na inauguração da unidade de cuidados continuados e do lar residencial do Centro Social e Paroquial de Santa Marinha de Avanca, concelho de Estarreja.
O ex-primeiro-ministro detido na sexta-feira à noite, quando chegava ao aeroporto de Lisboa proveniente de Paris, no âmbito de um processo de suspeitas de crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. É a primeira vez na história da democracia portuguesa que um ex-primeiro-ministro (PM) é detido para interrogatório judicial.
A Procuradoria-Geral da República esclareceu que investigação é independente de outros inquéritos, como o “Monte Branco” ou “Furacão”, adiantando que teve origem numa comunicação bancária, "efectuada ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) em cumprimento da lei de prevenção e repressão de branqueamento de capitais".
Além de Sócrates, foram detidos, na quinta-feira, o empresário Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna.