Tempo
|

Deputados socialistas querem votar contra fim da suspensão das subvenções vitalícias

21 nov, 2014 • Susana Madureira Martins e Paula Caeiro Varela

Assunto volta esta sexta-feira ao Parlamento. Também há mal-estar entre deputados do PSD. CDS em silêncio.

Deputados socialistas querem votar contra fim da suspensão das subvenções vitalícias

Há deputados do PS que querem votar contra o fim da suspensão das subvenções vitalícias aos ex-políticos na sessão plenária desta sexta-feira.

O Bloco de Esquerda avocou para plenário a proposta de alteração ao Orçamento do Estado apresentada em conjunto pelo socialista José Lello e pelo social-democrata Couto dos Santos. O texto foi aprovado esta quinta-feira na comissão de orçamento e finanças e terá nova discussão e votação com a presença de todos os deputados eleitos.

No PS há quem esteja de tal modo incomodado com a proposta que coloque a hipótese de ir contra a posição da direcção da própria bancada.

Em conversa com a Renascença alguns deputados socialistas falam mesmo de um texto que é uma “imoralidade”. Argumentam que não é possível que os socialistas critiquem, por um lado, que se tirem milhões de euros às áreas sociais e, por outro, apoiem um diploma que significa um verdadeiro prémio para os políticos.

Entre as críticas está também o facto de a direcção do grupo parlamentar dar o apoio a um texto, apresentado por um único deputado, que não foi sequer discutido em reunião da bancada, enquanto todas as outras 38 propostas de alteração foram apresentadas e debatidas pelos socialistas.

Os deputados do PS que estão contra o diploma ainda tencionam falar esta sexta-feira antes da votação com a direcção da bancada e dizer a Ferro Rodrigues o que pensam fazer. O mínimo dos mínimos é a abstenção ou a declaração de voto, mas estão tentados pelo voto contra.

CDS em silêncio, PSD dividido
Os centristas abstiveram-se esta quinta-feira na votação da proposta e remeteram-se ao silêncio total sobre a polémica que está a incendiar a bancada do parceiro de coligação. O CDS ficou fora do acordo firmado apenas entre PS e PSD, e que, ao que a Renascença apurou, teve o aval do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

Na bancada social-demorata trabalha-se para tentar conter a onda de indignação que atingiu a própria direção da bancada: entre os vice-presidentes houve quem se manifestasse frontalmente contra a proposta aprovada e esta quinta-feira alguns deputados admitiam ir contra a indicação de voto do partido. Tratando-se de matéria orçamental, há disciplina de voto para os deputados social-democratas, pelo que o mais provável é que se fiquem por declarações de voto.

Até esta noite, a expectativa entre os deputados do PSD é que pudesse ser encontrada ainda antes da votação uma solução alternativa que permita salvar a face que, em todo o caso, terá de ser concertada com o PS, como na versão que está para já em cima da mesa.