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OE 2015

Portas comparado a personagem de "Crónica de Uma Morte Anunciada"

31 out, 2014

Na obra Nobel colombiano, Garcia Márquez, a personagem central, cujo desfecho fatal é conhecido de início, é a única que desconhece o seu fim.

Portas comparado a personagem de "Crónica de Uma Morte Anunciada"
O PCP comparou Paulo Portas ao protagonista do romance "Crónica de Uma Morte Anunciada", referindo-se ao olhar apreensivo do vice-primeiro-ministro quando Passos Coelho anunciou a manutenção da reversão de 20% dos cortes salariais em 2016.

"Quem reveja as imagens desse momento há de encontrar no vice-primeiro-ministro a expressão facial que Garcia Márquez negou à personagem Santiago Nasar perante a morte anunciada na primeira linha da sua 'Crónica' e que, certamente, o irrevogável ministro aqui vislumbrou politicamente, já a pensar na data das próximas eleições", afirmou o líder parlamentar comunista, João Oliveira, aludindo a imagens televisivas de Portas, algo espantado, ao lado do chefe do executivo.

Na obra da década de 1980 do Nobel colombiano, a personagem central, cujo desfecho fatal é conhecido de início, é a única que desconhece o seu fim. Narrador e restantes figuras vão dando a saber ao leitor factos e outros aspectos sobre a vingança iminente sobre Nasar.

Passos e os novos cortes
Na véspera, primeiro dia de debate na generalidade da proposta de orçamento do Estado para 2015 (OE2015), também no parlamento, o primeiro-ministro e a ministra das Finanças tinham expressado a intenção de, caso continuem a governar, voltarem a propor a reversão faseada de 20% dos cortes nos salários do sector público, em vez da reposição total por decisão do Tribunal Constitucional.

"O que marca decisivamente este debate é uma afirmação do primeiro-ministro quando disse, e cito, 'em 2015, faremos o que temos vindo a fazer desde 2011'", sublinhou João Oliveira, acrescentando que o que Passos Coelho "anuncia é que, por sua vontade, haverá novos cortes nos salários entre 2016 e 2018".

Para o deputado do PCP, o executivo da maioria PSD/CDS-PP, "em nome da estabilidade política, foi mantido em funções pelo Presidente da República, que até hoje não encontrou nenhum factor de instabilidade no facto de este Governo ter apresentado 12 propostas de Orçamento do Estado e rectificativos em menos de quatro anos de mandato".