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Falar de um novo resgate que pode não ser concedido é "estratégia para assustar o país"

31 out, 2014

O economista João Duque defende que a ministra das Finanças pretende "assustar o país pelas consequências de não se adoptarem as medidas necessárias que estão incluídas no Orçamento do Estado”.

O economista João Duque considera que falar sobre a eventualidade da necessidade de Portugal pedir um novo resgate que pode não ser concedido “faz parte de uma estratégia" da ministra das Finanças e do Governo "para assustar o país pelas consequências de não se adoptarem as medidas necessárias que estão incluídas no Orçamento do Estado”.

“Ouvimos dizer que o pior que nos pode acontecer é termos um outro resgate. O pior que nos pode acontecer, provavelmente, é não termos um outro resgate se precisarmos”, disse a ministra das Finanças, na quinta-feira.

João Duque defende que a escolha de palavras não foi inocente: “É como o outro que quer dar uma má notícia e diz 'olha, morreu a tua família toda', deixando a outra pessoa desesperada, e, depois, diz 'não, não, afinal só morreu a tua mãe”. 

Duque admite que existe uma pequena probabilidade de um segundo resgate não ser concedido, mas, ainda assim, considera que ainda é muito cedo para dizer que Portugal é exclusivamente culpado por não tomar as medidas necessárias.

“Até agora, temos estado a cumprir um programa mais ou menos guiado que pelo que são imposições da 'troika' e, portanto, não é um Orçamento que faça colocar Portugal nessa situação, de se considerar acusável de ter sido o único responsável pela situação a que se chega”, afirma.

"A ministra das Finanças faz bem em avisar a população em geral que alterações de cenários e de actores políticos não leva, necessariamente, a mudarmos do inferno para o céu, porque isso é impossível”, remata João Duque.