José Manuel Durão Barroso viu o seu retrato entrar para a galeria de presidentes da Comissão Europeia, numa cerimónia na sede do executivo comunitário, após a qual admitiu terem sido dez anos intensos e difíceis.
A foto, a preto e branco, juntou-se esta quinta-feira às dos anteriores presidentes do executivo comunitário na que é conhecida como a "galeria de presidentes" do edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia, numa cerimónia que contou com a participação do presidente cessante e do seu sucessor, Jean-Claude Juncker.
No final da cerimónia, durante a qual Barroso comentou que a Comissão não poderia ficar em melhores mãos, e Juncker sublinhou que sucede a "um grande presidente", Durão Barroso admitiu à agência Lusa sentir emoção, na hora da despedida, após dez anos no cargo, um recorde de longevidade que antes só havia sido alcançado por um dos presidentes da "galeria", o francês Jacques Delors (1985-1995).
"Sinto obviamente emoção. Dez anos é muito tempo na vida de qualquer pessoa, e sobretudo dez anos tão intensos e tão difíceis com os que aqui vivi", afirmou.
Manifestando-se "evidentemente sensibilizado" e "emocionado" com "tantas mensagens" de apreço que tem recebido nos últimos dias, bem como "tantas manifestações de carinho e de simpatia", Durão Barroso disse que lhe custa a "separação", para mais após 10 anos.
"Separar é sempre algo que é difícil, mas ao mesmo tempo é um recomeço. As minhas últimas palavras na sala de imprensa (na quarta-feira) foram de um
poema de Miguel Torga, no sentido de que a vida é um recomeço permanente, e por isso, neste momento, sinto-me dividido entre a alegria de um recomeço e a tristeza, e eu diria portuguesmente a saudade, que já sinto da Comissão Europeia e da União Europeia", completou.
José Manuel Durão Barroso cessa na sexta-feira as funções de presidente da Comissão Europeia, cargo que ocupou desde 2004, sendo sucedido pelo luxemburguês Jean-Claude Juncker.