Ferro Rodrigues: "O primeiro-ministro vive num país imaginário"

"O senhor primeiro-ministro vive num país imaginário", atirou Ferro Rodrigues, depois de Passos Coelho ter defendido que o Orçamento do Estado para 2015 representa o começo de uma "era de estabilidade e previsibilidade com benefícios para todos".

Em resposta, Passos Coelho disse que os dados divulgados esta quinta-feira pelo INE sobre os indicadores de confiança dos consumidores mostram que as condições reais da economia portuguesa "são indesmentíveis", não são uma "questão de ver melhor ou pior com estes ou outros óculos". Ainda assim, "estamos a discutir a dimensão do crescimento da economia", aponta.

Enquanto Passos Coelho exaltou "uma diminuição assinalável na dívida pública", "a protecção de todos por uma cláusula de salvaguarda", e o "lançamento de um subsídio de desemprego para trabalhadores independentes", dizendo que "o país está mais forte para responder aos desafios que tem pela frente", Ferro Rodrigues foi duro nas críticas: "Este é um Orçamento extremamente arrogante"; "a austeridade fracassou e o Governo insiste no erro, insiste nas fantasias".

O deputado do PS recuperou as palavras do primeiro-ministro, em que acusou os críticos do Orçamento de serem "preguiçosos" e "patéticos". “Preguiça maior é aumentar a carga fiscal e atacar os mais pobres”, disse Ferro lembrando o tecto às prestações sociais não contributivas. “O que é isso senão preguiça?”

"Em vez de catalogar os comentadores e a oposição, aconselho-o a ouvi-los melhor, sobretudo a ouvir bem a dra. Manuela Ferreira Leite e o dr. Bagão Félix", atirou.

"E quanto ao patético", continuou Ferro Rodrigues, "o que é patético é não terem feito a reforma do Estado e a meses das eleições pedirem o apoio do PS em tudo e mais alguma coisa".

A Assembleia da República começou esta quinta-feira a debater na generalidade a proposta do Governo de Orçamento do Estado (OE) para 2015, depois de toda a oposição já ter anunciado o seu voto contra.

A discussão na especialidade, com os ministros de cada sector, prosseguirá depois nas semanas seguintes, com o debate na especialidade em plenário agendado para 20, 21 e 24 de Novembro.