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Loureiro dos Santos defende rearmamento da NATO para evitar guerra com Rússia

30 out, 2014

A Rússia explora as debilidades ocidentais em matéria de defesa.

O general Loureiro dos Santos afirma que as manobras militares realizadas na quarta-feira por aviões da Rússia constituem uma demonstração de poder e defende, assim, que a NATO deve rearmar-se para evitar uma nova guerra.

Esta semana, em entrevista ao "Terça à Noite”, da Renascença, Loureiro dos Santos, já tinha defendido a tese de que “a Europa está completamente desarmada" e que "é por isso que a Rússia faz o que faz, porque a Rússia sabe que não tem resistência militar”.

A Rússia “pode fazer o que quiser, está a fazer o que quer. O Putin sabe perfeitamente que está à vontade, porque nós não temos meios para nos impormos, portanto ele está perfeitamente à vontade”, disse ao “Terça à Noite”.

Na quarta-feira, a NATO informou ter detectado "manobras incomuns" e "de grande escala" da Rússia no espaço aéreo sobre o Oceano Atlântico e os mares Báltico, do Norte e Negro e enviou aviões de vários países da organização para escoltar os aparelhos russos, uma situação que, para o general, surge na sequência da crise da Ucrânia, onde a Rússia "demonstrou que está disponível para usar a força para atingir objectivos políticos".

O objectivo final da Rússia, que Loureiro dos Santos considera ser "recuperar as vantagens geopolíticas que perdeu com o fim da Guerra Fria" e "controlar o território da Ucrânia", não tem recebido, na sua opinião, a oposição que devia.

Putin pode estar a agir como Hitler
"Neste momento, ninguém põe em causa, porque não existe poder militar para o fazer, as posições que a Rússia conquistou naquela zona" da Ucrânia, referiu, acrescentando que a falta de uma resposta forte por parte da Europa levou os países europeus de Leste que já pertencem à NATO - República Checa, Eslováquia, Hungria, Bulgária, Polónia e países bálticos - a achar que "lhes pode acontecer uma coisa parecida".

Face ao cenário que se desenhou, a Rússia decidiu "aprofundar a situação e explora-a com demonstrações de força, mostrando a estes países e a todos os outros que tem força e está disponível para a usar", alertou o especialista militar.

Admitindo estar preocupado, Loureiro dos Santos explicou que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, "pode convencer-se de que é imparável, que não tem obstáculos, que pode avançar".

A situação, adiantou, "pode configurar uma situação parecida com a situação nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, em que a Alemanha de Hitler ia sucessivamente avançando e as potências ocidentais iam sucessivamente aceitando".

"De um momento para o outro isto pode mesmo ter que haver uma resposta e aí estamos todos envolvidos numa situação grave”. Por isso, defendeu, os países europeus da NATO devem reforçar o investimento nos meios militares.