Adolescentes portugueses escolhidos para participar em ensaio clínico da progeria

Dois portugueses, uma rapariga de Viseu e um rapaz de Portalegre, seguem viagem, esta sexta-feira, para o hospital infantil de Boston, para participarem num novo ensaio clínico da progeria, uma doença muito rara caracterizada pelo envelhecimento prematuro.

Cláudia Amaral, de 16 anos, é uma adolescente como outra qualquer. Não a encontrámos em casa, estava na escola a guerrear pelas listas. “Eu sou da Lista M”, entoa em estilo musical, acompanhada por colegas e amigos, à porta da Escola Emídio Navarro.

Entre os amigos, não há olhares nem comentários sobre a fisionomia de Cláudia, que aparenta ser mais velha. Clara Gouveia, também de 16 anos, trá-la sempre às cavalitas. “É espectacular, gosto muito de estar com ela, é o nosso orgulho, é uma excelente menina”, diz, emocionada, uma das melhores amigas de Cláudia.

A mãe, Cristina Pais, de 33 anos, conta que só aos quatro meses e meio começaram aparecer os sintomas da doença de Cláudia. “A queda de cabelo e o emagrecimento, a pele enrugada, a pigmentação da pele, a artrite, a artrose, desclassificação óssea, colesterol, o curto crescimento”, enumera.

Desde 2007 que Cristina ruma com a filha aos Estados Unidos para tratamentos experimentais. Prepara-se para mais uma viagem com a ajuda da Progeria Research Foundation (PRF), que financiou a participação no novo ensaio clínico a mais 40 crianças de todo o mundo, entre as quais a Cláudia, de Viseu.

“Esta é a ida para uma nova avaliação dos tratamentos da Cláudia e o conhecimento de uma nova medicação”, revela Cristina. “O tempo de vida é a luta que fazemos por estas crianças”, conclui.

Os doentes com progeria envelhecem sete vezes mais rápido que o normal, mas apenas de aparência, porque o espirito esse permanece mais jovem do que qualquer outro. “E vota M, e vota M, olé, olé,” grita Cláudia Amaral, envergando uma t-shirt da Lista à qual pertence.