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Fora da Caixa

Santana Lopes elogia trabalho da Comissão Barroso em matéria de energia e clima

25 out, 2014 • José Pedro Frazão

Os comentadores do “Fora da Caixa” comentam as conclusões do Conselho Europeu que deu luz verde a novas metas de energia e clima para 2030. Vitorino e Santana dizem que Portugal saiu bem de um braço de ferro sobre interligações energéticas nos “28”.

Pedro Santana Lopes sucedeu a Durão Barroso no Governo para que este pudesse assumir um cargo que está prestes a deixar. No último Conselho Europeu como presidente da Comissão Europeia, Barroso assistiu à aprovação do pacote de energia e clima com metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa em 40% face a 1990 até 2030, com incorporação de energias renováveis em 27%. Santana diz que esteve aqui um dos “melhores pontos do trabalho da Comissão Barroso, dos mais esforçados e com alguns resultados. “Julgo que a União Europeia está mais próxima de um caminho e de uma posição equilibrados que a tornam um parceiro indispensável”.

Por vezes contestada por alegadamente travar o crescimento económico, a reforma climática vai trazer frutos, garante o antigo primeiro-ministro. “Esta reestruturação que a União Europeia está a fazer tem que ser medida quanto ao impacto económico, mas obriga também a toda uma reconversão do tecido industrial, das estruturas produtivas, que podem cada vez mais fazer perceber que a União Europeia, apesar de ter perdido tempo - e para alguns, dinheiro nos anos anteriores - estará a liderar, porque vai à frente nessa reconversão e reestruturação. Vai à frente no modo de produzir e de criar riqueza sem poluir”, defende o antigo líder do PSD.

Quem paga a travessia dos Pirinéus?
António Vitorino diz que Portugal tem razões para saudar o desfecho do Conselho Europeu em matéria de energia e clima. O antigo comissário europeu espera que a Comissão Europeia possa financiar uma parte importante da interligação eléctrica entre a Península Ibérica e a Europa Central. “O que está em causa é saber qual é o método de financiamento desses investimentos, que são significativos. E aí vai caber um papel muito importante à Comissão Europeia que, a partir destas conclusões, não poderá deixar de incluir a interligação eléctrica transpirenaica no plano a dez anos das redes transeuropeias. Estamos a falar de investimentos avultados. Mas como o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker avançou com a ideia de ter um plano de 300 mil milhões de euros, estou convencido que lá dentro pode, perfeitamente, caber a ligação eléctrica”, sustenta Vitorino que avisa que há vários outros candidatos a este tipo de projectos.

“No mesmo parágrafo das conclusões do Conselho Europeu também se fala da necessidade da ligação eléctrica dos países bálticos. Para criar um mercado interno e, sobretudo, para criar uma união energética, estes extremos estão desconectados. A prioridade que o Conselho Europeu confere à interligação é politicamente relevante, é boa para Portugal e, sobretudo, permite que os países da Península Ibérica, Portugal e Espanha, excedentários na produção de energia de fontes renováveis, possam ter um incentivo ao investimento nessa área para terem capacidade de escoamento”, explica o antigo comissário.

Portugal impôs um braço de ferro durante parte do Conselho Europeu sobre as metas a este propósito. “São aquelas notícias dos momentos difíceis, mas acho que ficou razoavelmente resolvido, quer para Portugal quer aquilo que é apresentado para a União Europeia no seu conjunto”, considera Pedro Santana Lopes. O antigo primeiro-ministro saúda o facto do problema da segurança energética ter sido assumido pelo Conselho Europeu. Quanto às metas, “são ambiciosas, mas não irrealistas, como já aconteceu algumas vezes”, remata o antigo primeiro-ministro.

Fugir a Putin no Inverno
Santana Lopes sublinha ainda que nas conclusões do Conselho Europeu está expressa a questão da promoção e do desenvolvimento de uma rede de gás no Sul da Europa “fazendo face também aqui no corredor Norte-Sul às preocupações em relação àquilo que se passa hoje nas relações com a Rússia”.

António Vitorino não tem dúvidas. “Isto também é um jogo político e é preciso mostrar que, mesmo que nós possamos vir a ter agora um Inverno difícil - sobretudo se não houver um acordo entre a Rússia e a Ucrânia quanto ao fornecimento de gás - existe a vontade política europeia de reduzir a dependência europeia em relação ao gás russo”, defende o antigo ministro socialista.

O “Fora da Caixa”, que pode ouvir à sexta-feira a partir das 23h00, na “Edição da Noite”, é uma colaboração da Renascença com a EURANET PLUS, rede europeia de rádios.