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“Tratem bem as mulheres”, pede o Estado Islâmico antes de apedrejamento

21 out, 2014

Nas imagens divulgadas, a vítima pede ao pai que a perdoe, mas este recusa, participando na lapidação.

Pelo menos uma mulher e um homem foram apedrejados nos últimos dias na Síria, em territórios ocupados pelo Estado Islâmico. As vítimas foram acusadas de adultério.

Não parece existir relação entre os dois casos mortais nem se sabe ao certo quando ocorreram, mas o mais provável é ter sido ao longo das últimas semanas.

No caso da mulher apedrejada há mesmo uma gravação vídeo que foi colocada online por activistas contra o Estado Islâmico na cidade de Raqqa, mas parece ter sido filmada e produzida por membros do Estado Islâmico.

Nas imagens, um islamita é visto a ler a sentença da mulher, acusada de adultério. A dada altura ele indica que parte da culpa será do marido, que se terá ausentado durante um longo período e termina com uma recomendação aos presentes: “Não deixem as mulheres. Não se ausentem por um período maior do que o permitido. Voltem-se para Deus, irmãos, e tratem bem as mulheres.”

De seguida pergunta-se ao pai da acusada se ele a quer perdoar, mas ele recusa. Levada para uma cova no chão, de braços e pernas atadas, começa então o apedrejamento, no qual participam os homens do Estado Islâmico e o alegado pai da vítima.

O outro caso, do qual não há imagens, foi confirmado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos e, ao que tudo indica, será o primeiro caso de um homem executado por adultério desde o início da guerra civil na Síria.

Estes não são os primeiros apedrejamentos por adultério levados a cabo pelo Estado Islâmico. Em Julho deste ano houve notícia de, pelo menos, mais dois incidentes.

O Estado Islâmico controla grande parte da Síria e do Iraque e tem sido responsável por um longo rol de atrocidades, desde decapitações, massacres, abuso sexual e venda de mulheres para escravatura e até crucifixões. Muitos destes actos são filmados e circulados nas redes sociais pelos militantes.