Um país, um sistema

Hong-Kong passou para a soberania da China em 1997, dois anos antes de Macau, após século e meio de administração colonial britânica. Essa administração deixou em Hong-Kong fortes aspirações democráticas, inexistentes (ou quase) em Macau.

Há uma zona da China – Taiwan, ilha antes chamada Formosa pelos portugueses – onde se refugiaram em 1949 os derrotados pelos comunistas chineses. Aí a democracia consolidou-se a partir dos anos 80. Embora formalmente parte da China, a liberdade de Taiwan é mantida graças ao apoio dos Estados Unidos. E Pequim inventou o slogan “um país, dois sistemas” para dizer que poderiam existir áreas democráticas no seu território.

O que se passa em Hong-Kong desmente essa ideia. A China autoriza ali eleições, desde que os candidatos sejam escolhidos pelos dirigentes do partido dito comunista… Para estes, a democracia e o respeito pelos direitos humanos são fantasias ocidentais, alheias aos valores da civilização chinesa. Esse, a par dos crescentes gastos militares de Pequim, é o lado preocupante da afirmação da China como grande potência.