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Parlamento expõe bustos dos "presidentes da República do fascismo". E há quem não goste

01 out, 2014

Partidos mais à esquerda exigem suspensão de mostra de bustos de presidentes da República. Falam em "branqueamento" da história.

O Partido Comunista, o Bloco de Esquerda e “Os Verdes” exigem a suspensão de uma exposição de bustos dos presidentes da República, por considerarem que branqueia o significado histórico e político do Estado Novo.  

O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, lamenta que o andar nobre da Assembleia da República acolha "uma exposição que inclui figuras de presidentes da República do fascismo" com base em critérios meramente cronológicos. 

João Oliveira fala num contributo para o “branqueamento do fascismo” e defendeu a suspensão imediata da mostra. 

O assunto será discutido numa reunião da comissão parlamentar de Educação convocada para esta quarta-feira ao fim do dia, segundo propôs o presidente desta comissão, o deputado do CDS-PP, Abel Baptista.  
 
O líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares, contestou igualmente os critérios da apresentação dos bustos, sem qualquer referência crítica ao fascismo, exigindo que sejam retirados do corredor e que exposição seja suspensa para que o Parlamento não contribua para "uma lavagem da imagem do país".  
 
Exigindo também a suspensão da exposição por "meter tudo no mesmo saco", o deputado do Partido Ecologista “Os Verdes”, José Luís Ferreira, apelou a um "consenso democrático" para suspender a mostra.

PS quer debate
Na bancada do PS, o deputado José Junqueiro não disse qual a posição do grupo parlamentar sobre a exposição, considerando "adequado" que o tema fosse tratado em conferência de líderes, tal como propuseram PCP e BE. 
 
Antes do plenário, a deputada do PS Isabel Moreira tinha criticado a forma e os critérios de apresentação dos bustos, defendendo que a Assembleia da República não pode ser neutra e permitir uma exposição "acrítica".

Isabel Moreira, em declarações à agência Lusa, defendeu a retirada da exposição, considerando "ofensivo" ver na mesma fila as figuras dos presidentes do período democrático e do regime fascista.  

No plenário, PSD e CDS-PP recusaram que a exposição resulte no branqueamento de qualquer período histórico, com o deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim a considerar que a exposição é apenas "um relato histórico" e não uma exposição política.  
 
A opinião foi partilhada pelo  líder parlamentar do CDS. Nuno Magalhães explicou que a  realização daquela exposição partiu de uma proposta da Câmara de Barcelos, presidida por um autarca do PS, e que o processo seguiu todos os trâmites previstos desde a aprovação na comissão parlamentar de Educação até à autorização final dada por despacho da Presidente da Assembleia da República.